meio ambiente

Visão do Correio: Amazônia doente precisa ser curada

A Floresta Amazônica está enferma. No passado, foi chamada de pulmão da humanidade. Hoje, perdeu a enorme capacidade de absorção dos gases de efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global. O Brasil se tornou o quinto maior emissor de carbono no ranking mundial. Em 2021, colaborou com mais 2 bilhões de toneladas para o 36,4 bilhões de CO² lançados pelos países na atmosfera. Esse foi um dos efeitos negativos provocados pela queima e desmatamento ilegais no bioma.

Estudo publicado pela revista Science, com sede em Washington, revelou que a maior floresta tropical do planeta perdeu quase 40% de cobertura vegetal — uma área de 2,44 milhões de km² ou o equivalente a 10 vezes o território do Reino Unido — devido às ações predadoras de humanos e atividades industriais. Os danos terão efeitos catastróficos não só para o Brasil, mas também impactos globais.

Os dados são resultado do trabalho de 35 pesquisadores, sendo 11 do Brasil, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Inpa) e da Universidade de Lancaster, no Reino Unido. A região Pan-Amazônica abrange os países vizinhos do Brasil: Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia e Suriname.

Conter o desmatamento, segundo os especialistas, é vital. O avanço das ações antrópicas poderá resultar em estresse hídrico, mudanças na eficiência da fotossíntese e eventos climáticos extremos. Não à toa, a população de várias localidades do Amazonas enfrentaram, no ano passado, secas rigorosas, o que levou algumas prefeituras, como a de Tefé, a decretar situação de emergência.

Para reverter os prejuízos provocados pelos predadores ambientais, especialistas sugerem a implantação de florestas inteligentes e ações contra o desmatamento e queimadas. Ante a abrangência da floresta, o governo brasileiro não pode postergar o cumprimento da anunciada intenção de promover uma reunião com as nações amazônicas, a fim estabelecer estratégias comuns e implementar planos de preservação do ecossistema.

A Amazônia não é imprescindível apenas para os brasileiros, nos campos sociais, econômicos e ambientais Ela tem igual importância, pelos mesmos motivos, para a América Latina e para o restante do mundo. É um patrimônio natural que transcende fronteiras geopolíticas. O seu maior valor é a floresta em pé, com toda a sua fauna e comunidades que nela vivem.

As iniciativas predatórias são incompatíveis com um desenvolvimento sustentável, que assegure, renda e bem-estar aos povos originários, tradicionais e às diferentes comunidades. Cabe ao Estado brasileiro, por todos os meios disponíveis, proteger o patrimônio natural, desenvolver políticas públicas que supram as necessidades sociais e econômicas das populações amazônicas e jamais prescindir da riqueza que a floresta representa para a sociedade brasileira e demais nações.

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