O 30 de janeiro de 1933 marca o início do Terceiro Reich, a ascensão de Adolf Hitler ao poder, na Alemanha. Nove décadas atrás, tomava forma a engrenagem do ódio, do horror, da manipulação das massas, da ideologia supremacista ariana que levou a Europa ao desastre e à destruição. Oito anos depois, em 31 de julho de 1941, o regime nazista começou a levar a cabo a Solução Final, um plano de genocídio da população judia de todos os territórios ocupados pelas forças alemãs durante a Segunda Guerra Mundial. Seis milhões de judeus foram exterminados nas câmaras de gás e nos paredões da morte de Auschwitz, Treblinka, Sobibor e outros campos da vergonha.
Tive a oportunidade de entrevistar alguns sobreviventes do Holocausto. Os relatos são inimaginavelmente cruéis, atrozes. Jornalistas geralmente buscam se distanciar dos fatos, a fim de reportá-los para o leitor ou o telespectador. Mas era impossível não me emocionar diante de tanto sofrimento, de tanta dor. Os experimentos "científicos" nas mãos de Josef Mengele, as filas intermináveis para a câmara de gás, o odor pútrido de carne humana nos fornos, as pilhas de corpos nas covas coletivas.
Não consigo compreender como a ideologia assassina apregoada por Hitler ganhou adeptos mundo afora. Parte da humanidade parece desconectada da realidade, mergulhada na insensibilidade, tomada por uma frieza que causa espanto e assombro.
Enquanto você lê esse texto, adoradores de Hitler ameaçam a democracia em vários países do mundo, especialmente na Europa. Em forma de partidos políticos de extrema direita ou de organizações supremacistas clandestinas, eles defendem uma limpeza étnica, abominam os negros e os imigrantes, disseminam a islamofobia e vomitam ódio e preconceito contra os LGBTQIA . Nos Estados Unidos, pelo menos 26 grupos neonazistas vivem em uma espécie de "hibernação". A qualquer momento, podem despertar e vomitar sobre a sociedade democrática tudo aquilo que não presta. Revestido pelo populismo, o neonazismo é uma ameaça real e premente.
As escolas têm o dever moral de incutir em seus alunos a busca incessante pela tolerância, o respeito ao próximo e o amor pela democracia. Conhecer o passado para evitar seus horrores no presente e no futuro é obrigação de todo aquele que prima pela humanidade. Rejeitar o neonazismo e toda a forma de fascismo também equivale a honrar a memória de milhões de pessoas arrancadas do planeta por seguidores de uma ideologia assassina. É preciso dizer "não", em alto e bom som, a quem insiste em manter Hitler fora da lata de lixo da história. É o único lugar em que ele merece estar.