negócios

Artigo: O futuro do trabalho já começou?

MARIA AUGUSTA OROFINO - Palestrante e autora dos livros Liderança para inovação e Metodologias ágeis

Estamos vivenciando incontáveis mudanças históricas na forma de trabalho. Os aplicativos de delivery de comida e transporte de passageiros são alguns exemplos disso. Quem imaginaria há 10 anos que esses serviços teriam tanto sucesso como fazem hoje? Isso se deve à praticidade e agilidade que agregam ao dia a dia, entre outros fatores que as pessoas procuram atualmente.

Mesmo com tantos avanços tecnológicos, a forma de trabalhar era diferente antes da pandemia. Esse cenário acabou forçando, de uma forma ou de outra, as empresas a repensarem seus modelos de negócio, formas de trabalho e a cultura organizacional.

A cultura organizacional consiste em um conjunto de normas e valores que direcionam o negócio. Na prática, também inclui benefícios trabalhistas, costumes, além de como é feita a divulgação externa. É importante que a cultura organizacional seja forte para gerar um sentimento de pertencimento aos colaboradores e motivar o time como um todo.

Novas formas de trabalho requerem capacitação, já que ocorrem diversas mudanças em um curto espaço de tempo. Porém, é comum o pensamento de que somente as áreas como vendas e marketing precisam de capacitação. Pelo contrário, um bom treinamento vem de cima para baixo, isto é, começando pelos executivos. Muitos têm o desejo de inovar, mas demonstram algumas resistências.

Um passo importante é rever os processos. Inovação não significa que é necessário abandonar tudo que já deu certo no passado, mas sim passar a considerar o modelo ambidestro, que tanto atende os processos do dia a dia como a inovação. Essa transição é necessária e precisa ser feita de forma gradual e segura para manter o negócio.

Ao comentarmos o futuro do trabalho, inevitavelmente vem a questão da tecnologia, algoritmos e robótica. Por mais que sejamos substituídos em tarefas rotineiras e assim deve acontecer, destaco que essas máquinas em todas as suas variações não conseguem, como as pessoas, ter empatia nas diversas situações que passamos no dia a dia. As evoluções tecnológicas otimizarão processos, mas aspectos criatividade, resiliência, ética e emoção são capacidades apenas humanas.

É importante falarmos também sobre as novas formas de trabalho que estão surgindo. A pandemia apresentou para muitos brasileiros a possibilidade do trabalho remoto e isso está se tornando cada vez mais relevante na busca por emprego. Atuar de qualquer lugar também está diretamente ligado à saúde mental dos trabalhadores, já que significa também menos horas de trânsito, mais tempo para ficar com a família e mais qualidade de vida. A autonomia do profissional é um ponto muito importante quando falamos do futuro do trabalho. Segundo uma pesquisa realizada pela Sodexo, 91% dos brasileiros afetados pela pandemia estão dispostos a receber ajuda de suas empresas em relação à saúde mental.

De acordo com o relatório O futuro do trabalho no Brasil, elaborado pela IDC a pedido do Google Workspace, 59% das pessoas entrevistadas sugerem o formato híbrido para o trabalho pós-pandemia, sendo que a adesão é ainda maior (76%) quando consideramos os jovens de 18 a 21 anos. Uma das características que regem o trabalho híbrido ou totalmente remoto é a colaboração entre a equipe, já que as empresas são feitas por pessoas, e nós precisamos de momentos de interações e trocas de ideias para tornar o trabalho fluido.

Outro ponto a ser discutido quando falamos do futuro do trabalho é a quantidade de dias trabalhados. Países como Bélgica e Reino Unido já estão considerando testar a semana de quatro dias, sendo que o foco principal dessa mudança é aumentar a produtividade. Por esse e diversos fatores, percebemos que o futuro do trabalho tem uma atenção maior com o bem-estar dos trabalhadores, o que é muito importante para formar equipes de alta performance.

Mais Lidas