Alívio. Creio que esse é o sentimento da maioria dos brasileiros, ou pelo menos de 60,3 milhões de mulheres e homens no primeiro dia de 2023, que chegou carregado de esperança. Por mais de uma semana e no último dia de 2022, a chuva castigou a capital da República. Foi uma lavagem natural das sequelas de quatro anos de obscuridade. Neste domingo, 1º de janeiro, o Sol brilhou e iluminou a festa do reencontro com a democracia.
A cidade foi tomada por milhares de pessoas. O vermelho, cor da vida, tingiu a avenida que leva todos ao reencontro com os três Poderes. A saudade da democracia foi dissipada. Foi possível abraçar os prédios da Presidência da República, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, construções personalizadas pelo inesquecível arquiteto Oscar Niemeyer, que tornou a capital do país patrimônio cultural da humanidade. Sim, humanidade. As imagens mostravam uma Brasília reumanizada, pronta para acolher as muitas necessidades de um povo vítima do desprezo dos últimos quatro anos.
Sorrisos largos, cantorias populares, caminhada sem cansaço rumo ao palco da festa da democracia e do ressurgimento da civilidade. A alegria se encontrava com a beleza única do céu brasiliense. Ecoava em todos os cantos. A vida, em sua plenitude, voltava e animava o concreto inerte das edificações, que ladeiam a Esplanada dos Ministérios.
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Quatro letras, duas sílabas, que formam o nome do homem que chega ao poder: Lula, um gigante de 1,68m de altura. Gigante no saber, no acolhimento de todos os brasileiros, sobretudo dos mais vulneráveis, que espalha esperança, alegria e se comove com as necessidades de um povo sofrido e carente de afeto.
O dia da festa da democracia não poderia ser mais lindo. Lamenta-se, e não poderia ser diferente, que o Brasil esteja dividido, uma cisão provocada pelo indevido endeusamento de valores anticivilizatórios, que suprimem os avanços conquistados pela humanidade. Valores que se opõem à eliminação do mais elementares direitos humanos, que rejeitam as iniquidades sociais e econômicas, o não reconhecimento da equidade de todos os gêneros, ao desrespeito à diversidade étnica-racial e pluralidade cultural.
Todos esses antivalores humanitários, cultivados pela ultradireita, deverão ficar no passado. Mas devem permanecer na memória nacional, como lição a não ser repetida na alternância de poder, própria do Estado democrático de direito.
Para consolidar o desmonte do fascismo e da tentativa de ressuscitar a tirania é preciso lembrar do refrão da melodia Tá escrito, composta por Carlinhos Madureira, Gilson Bernini e Xande de Pilares:
_"Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé
Manda essa tristeza embora (manda essa tristeza embora)
Basta acreditar que um novo dia vai raiar
Sua hora vai chegar"
A hora chegou. Não podemos desperdiçar essa oportunidade. Vamos, juntos, com paz e harmonia, reconstruir um Brasil para todos, sem discriminação, preconceitos e racismo, que envergonham e ignoram o óbvio: todos somos iguais.