O Brasil amanhece hoje, 1º de janeiro, com esperanças renovadas. Não apenas pela trivialidade de um novo ano estar começando, mas, sobretudo, pela perspectiva de que o governo que será empossado cumpra as promessas de campanha e enfrente uma das maiores mazelas do Brasil, a fome. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 62,5 milhões de brasileiros estão abaixo da linha da pobreza, dos quais 17,9 milhões, na miséria absoluta — um terço deles, jovens entre 15 e 29 anos. Não reverter esse quadro aterrador será a maior derrota de um país, cuja Constituição prega a igualdade social.
O caminho para um país mais justo começa, contudo, pela pacificação. Os últimos anos foram marcados por uma divisão sem precedentes da população, com retrocessos em áreas fundamentais, como educação e saúde. Insistir na polarização extrema, no radicalismo, só trará mais prejuízos aos que realmente precisam de um Estado focado em políticas essenciais que levem ao bem-estar. Quando as autoridades se desviam de suas funções para estimular a divisão, condenam uma nação inteira a viver em tensão constante, com suas demandas relegadas a segundo plano, sem expectativas de serem atendidas.
É preciso serenidade para que Executivo, Legislativo e Judiciário possam seguir à risca seus papéis. A divisão de poderes é um ativo vital da democracia. Se a desarmonia impera, todos perdem, pois as prioridades da sociedade acabam sendo engolidas por disputas inúteis, cujos resultados todos sabem. O Brasil já desperdiçou tempo demais por causa de confrontos infrutíferos. Então, que a partir de agora, a união prevaleça. De nada adianta um Executivo bem-intencionado se o Legislativo não aprovar projetos que tendem a melhorar a qualidade de vida da população e se o Judiciário insistir na insegurança jurídica.
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O Brasil, todos sabem, é um país de enormes oportunidades. Os brasileiros, por natureza, são otimistas. Mas, ano após ano, a frustração tem sido a tônica. Está na hora de virar o jogo. Há, no horizonte, boas notícias, principalmente no front econômico. A inflação está perdendo força e são grandes as chances de a taxa básica de juros (Selic), de 13,75% ao ano, cair a partir do segundo trimestre de 2023. A velocidade com que os frutos dessa bonança serão colhidos dependerá de como o novo governo conduzirá suas ações. A combinação de responsabilidade fiscal com responsabilidade social dará a segurança necessária para a travessia.
Muitos aproveitaram a virada do ano para fazer planos e, claro, listar seus principais desejos. A maioria, como esperado, pede dias melhores, com emprego, salário digno, casa própria, plano de saúde, escola de qualidade. Atender a esses apelos requer a conciliação com a paz. Não apenas do ponto de vista político, com respeito às saudáveis divergências de uma democracia, mas pessoal. Famílias separadas por ideologias têm uma grande oportunidade de refazer os laços. É inadmissível ver pais, filhos, irmãos, tios, amigos distanciados porque alguém ousou discordar de opiniões alheias. Pluralidade de pensamento é vital para a sobrevivência humana.
Que o ano que chega possa ser o início efetivo de um Brasil transformador. O futuro está logo ali, mas inúmeras gerações não tiveram a oportunidade de vê-lo chegar, com todas as oportunidades inerentes ao novo. Dentro de mais alguns anos, teremos um país com uma população idosa muito grande. Preparar as condições para que essas pessoas possam usufruir de uma vida melhor é imprescindível. Pois que todos comecem a fazer a sua parte agora, com civilidade, harmonia, desprendimento, respeito, alegria, competência, ética, honradez. O relógio já começou a correr. Um feliz ano-novo!