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EDITORIAL

Visão do Correio: Sem negacionismo na saúde. E agora?

pri-2007-opiniao Opinião SUS Saúde -  (crédito: Caio Gomez)
pri-2007-opiniao Opinião SUS Saúde - (crédito: Caio Gomez)
postado em 25/01/2023 06:00

Passado o governo de Jair Bolsonaro, que não ajudou a disseminar na população a importância da vacinação contra a covid-19, o que acabou resultando na queda da imunização em outras doenças no Brasil, agora colhemos os resultados: segundo o Ministério da Saúde, no caso da poliomielite, por exemplo, somente cerca de 40% do público alvo se imunizou em 2022. Já houve tempos em que a cobertura para a doença no Brasil chegou a 90%.

Quando a colheita não é satisfatória, a estratégia a seguir é avaliar danos e fazer replantio. Na gestão pública da saúde, portanto, o momento é de reconstrução. Aos gestores públicos federais cabe retomar as rédeas do resiliente Sistema Único de Saúde (SUS).

Nesse sentido, o trauma instaurado pela pandemia da covid-19 ainda não foi totalmente superado. Ao contrário, o sinal de alerta precisa estar permanentemente ligado. Por sua característica mutacional, o vírus continua apresentando novas formatações. A subvariante Ômicron XBB.1.5 é sua mais nova identidade. Ela é responsável pelo recente e preocupante aumento de casos nos Estados Unidos, e está a caminho de alcançar a dominância entre os diagnósticos naquele país, ultrapassando as variantes BQ.1.1 e BQ.1.

A subvariante atual se espalha rapidamente e prefere territórios onde a cobertura vacinal é baixa. Já pousou no Brasil e em outros 24 países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Por aqui, o primeiro caso foi identificado em 5 de janeiro. A paciente é uma mulher de 54 anos, moradora do município de Indaiatuba, interior de São Paulo.

Também em nova composição, o governo federal precisa ampliar e fortalecer a vacinação contra a covid-19 e demais doenças. O caminho está sendo trilhado. Não haver o negacionismo de antes já é um avanço, mas não suficiente. É preciso acelerar as medidas de profilaxia.

Em meados de janeiro, várias capitais tiveram a aplicação da vacina contra covid-19 suspensa para alguma faixa etária infantil por falta de doses. A vacinação de jovens e adultos no Rio de Janeiro chegou a ficar comprometida, nos primeiros dias deste ano, devido ao baixo estoque do imunizante.

O Ministério da Saúde começou a distribuir, neste mês, cerca de 740,2 mil doses da Coronavac a todos os estados e ao Distrito Federal. As unidades são destinadas à imunização das crianças de 3 a 11 anos. Ampolas da Pfizer aguardam uma negociação que a pasta diz estar em andamento. Outros 2,6 milhões de vacinas estão sendo compradas do Instituto Butantan por meio de um novo aditivo.

O receio diante a chegada de variantes ainda mais transmissíveis é tal que o Executivo passou a recomendar uma dose de reforço da vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos. Até então, a indicação da terceira aplicação era apenas a partir de 12 anos.

Campanhas de conscientização precisam ser realizadas cotidianamente, visando reforçar a necessidade de a população brasileira comparecer aos centros de saúde durante o calendário de imunização. A ministra Nísia Trindade divulgou que vai ressuscitar o Zé Gotinha, sempre tão querido pelas crianças e um eterno aliado. Desta vez, o personagem tem como missão um desafio do século 21: combater a inundação de notícias falsas, as chamadas fake news, às quais o Brasil foi afundado nos últimos tempos. E convencer aos ausentes que se vacinar é a melhor decisão.

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