DIOGO ANGIOLETI - Especialista em finanças e comportamento do Sistema Ailos, sobre cooperativismo
O ano de 2023 pede calma. Será um ano de possíveis melhorias na economia, mas que ocorrerão progressivamente e em marcha lenta. O mundo está em crise e com soluços da interminável pandemia. Alguns especialistas estão chamando esse novo momento de permacrises, que, traduzindo, seria uma crise permanente para definir esse período incompreensível, complexo, volátil e ambíguo. Diante de projeções e perspectivas de macro e microeconomia, a seguir falaremos sobre a conjuntura nacional e internacional das principais esferas que afetam nossa vida.
Olhando para o Brasil, entendemos que alguns grupos deverão enfrentar mais desafios nos próximos meses, começando pelas famílias. A conhecida economia doméstica vai continuar desacelerada e o principal encolhimento se dará no consumo dos bens duráveis. Esses impactos acontecem por causa de uma série de fatores, sobretudo porque as famílias, desde 2021, estão ficando excessivamente endividadas e ainda vivemos baixo ritmo de geração de emprego afetado pelo cenário de inflação alta.
O crédito mais caro por causa dos juros altos também desestimula empreender ou consumir. Esse comportamento afeta a produtividade das indústrias e as vendas no comércio, além de diminuir a procura por alguns serviços não essenciais.
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Mediante um bom trabalho de governo, sobretudo fiscal, tributário e econômico somado à responsabilidade com as contas públicas e reformas administrativas urgentes, poderemos chegar a uma Selic de 12% a partir de agosto de 2023. Com juros mais baixos, o consumo tende a aumentar. Com isso, mais dinheiro poderá ser injetado na economia, mais empregos deverão ser gerados, mais empresários avaliarão expandir os negócios. A partir daí, a inflação também deve começar a baixar, de forma lenta, é verdade, mas a expectativa é que vejamos uma inflação de cerca de 5% ao fim do ano que vem, chegando ao teto da meta definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Os benefícios sociais prometidos para as classes menos favorecidas também devem ajudar a manter o consumo básico para muitas famílias, ajudando a economia a ficar aquecida.
Mas o Brasil não está isolado. O mundo vive dificuldades e esses problemas externos têm impacto importante no cenário econômico do país. Assistimos a bancos centrais das economias desenvolvidas subindo juros como nunca tínhamos visto antes, conflito de guerra entre Rússia e Ucrânia, a crise energética da Europa são alguns exemplos de situações que nos impactam - direta e indiretamente.
O futuro deve ser de queda nos preços das commodities, como o petróleo, que, quando fica mais acessível, ajuda a pressionar a inflação. E isso nos afeta? Sim, tudo isso nos impacta. O Brasil é grande exportador desse tipo de matérias-primas e, se nossos compradores estão inseguros ou com problemas, tendem a não comprar, logo podemos ter problemas na nossa balança comercial.
Por seu lado, temos grandes chances de o Brasil recuperar o bom relacionamento com países relevantes, especialmente com a pauta da sustentabilidade e aceitação internacional na atuação do governo, abrindo portas para mais investimentos estrangeiros em nosso país.
Esse é um texto leal sobre as perspectivas para 2023 a partir do que estamos vivendo hoje, com desejo de trazer lucidez para todos nós. Devemos ter ânimo e exigir políticas públicas com espírito republicano, responsáveis e mais humanitárias. Todo esse cenário pede o uso consciente do dinheiro e consumo com racionalidade, mediante um planejamento e com orçamento, limitando determinados gastos. Tenha em mente o conselho de Lulu Santos e Nelson Motta: Tudo passa, tudo sempre passará. Use 2023 com moderação no bolso e abundância nas experiências felizes.
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