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Opinião

Artigo: Amparo aos órfãos da covid-19

De acordo com a Fiocruz, somente nos dois primeiros anos da crise sanitária, 40.830 meninos e meninas perderam a mãe para a doença

Covas abertas de maneira emergencial em Amazonas, durante uma onda severa da covid-19 em 2021 -  (crédito: MICHAEL DANTAS / AFP)
Covas abertas de maneira emergencial em Amazonas, durante uma onda severa da covid-19 em 2021 - (crédito: MICHAEL DANTAS / AFP)
postado em 16/01/2023 06:00

Em meio a tantas necessidades urgentes que o Brasil demanda, o novo governo mostra que está atento a um grupo quase invisível, o de crianças e adolescentes que ficaram órfãos por causa da pandemia da covid-19. O cenário é devastador. De acordo com a Fiocruz, somente nos dois primeiros anos da crise sanitária, 40.830 meninos e meninas perderam a mãe para a doença. Já o Imperial College, de Londres, aponta que quase 160 mil crianças e adolescentes ficaram sem pai, mãe ou ambos até dezembro passado.

Os ministérios dos Direitos Humanos e da Cidadania, comandado por Silvio Almeida, e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, com Wellington Dias à frente, têm avaliado ações a serem tomadas para amparar financeira e psicologicamente meninos e meninas em situação de vulnerabilidade. Silvio Almeida garantiu que "os órfãos da covid-19 estão no centro dos planejamentos". Outras pastas, como Casa Civil, Saúde e Fazenda, além de entidades, vão formar essa força-tarefa que definirá as medidas a serem implementadas.

Certamente, todos os envolvidos nessa mobilização estão cientes da celeridade e da efetividade que a situação exige. O estudo feito pela Imperal College ressalta que crianças e adolescentes que ficaram sem pais ou responsáveis têm risco maior de sofrer com pobreza, exploração e abuso sexual e impactos na saúde mental. O levantamento da Fiocruz também destaca que eles ficam mais vulneráveis a problemas emocionais e comportamentais. Ante às perdas irreparáveis, à dor do luto, meninos e meninas precisam da proteção de políticas públicas.

É imprescindível lembrar que parte da mortandade ocorrida no Brasil em decorrência da covid-19 poderia ter sido evitada. O sofrimento não seria em proporção tão gigantesca, não abalaria tantos lares se as autoridades públicas tivessem agido com rapidez e responsabilidade. O que se viu, porém, foram negacionismo em relação ao vírus, demora na compra de vacinas, ataques à ciência, tentativas reiteradas em demover a população de se imunizar e insistentes campanhas contra o uso de máscaras e o distanciamento social. Posturas que contribuíram para a tragédia de mais de 695 mil mortes. Os criminosos que levaram o país a esse genocídio não podem ficar impunes.

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