A primeira semana útil do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva vai chegando ao fim. Os dias iniciais da gestão ficaram marcados pelas posses de ministros e, curiosamente, discursos antagônicos, como, por exemplo, as divergências entre Carlos Lupi (Previdência) e Rui Costa (Casa Civil) sobre a revisão da reforma que mudou as regras de aposentadoria.
Tanto que hoje, na reunião com 37 ministros, a expectativa é por um freio de arrumação. Auxiliares do presidente sinalizam que o encontro será para alinhamento do discurso, como é comum em todo trabalho que se inicia, com um recado claro aos integrantes do primeiro escalão da Esplanada: todos os anúncios e sugestões de políticas públicas precisarão do aval do Planalto.
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No Congresso, é voz corrente que um novo governo "costuma" ter 100 dias de trégua com a Câmara e o Senado. Ou seja, até a primeira quinzena de abril, é o tempo médio que os parlamentares dão ao novo presidente para apresentar serviço e organizar a casa. Propostas são aceitas com mais facilidade e costumam ter uma tramitação mais acelerada. Em um país dividido, como o que convivemos atualmente, esse tempo de paz é fundamental. Afinal, há uma série de desafios que o governo terá que superar, principalmente o endividamento das famílias e a criação de vagas no mercado de trabalho formal.
Assim como o cumprimento de promessas eleitorais. A lista é enorme, e as cobranças também serão. O deficit fiscal, ampliado com as medidas eleitoreiras tomadas pelo governo Bolsonaro no segundo semestre, precisará ser combatido com rigor. O corte de gastos mostra-se mais do que necessário. Há também que tratar do reajuste da tabela do Imposto de Renda e da melhora da imagem do país na área ambiental e na defesa de causas sociais.
Por isso, acredito que a lua de mel de Lula tenderá a ser mais curta, como ocorreu com nossos vizinhos da América Latina logo após o término do processo eleitoral. Os atritos com o mercado financeiro e a forte capacidade de mobilização popular do bolsonarismo são pontos que tendem a pressionar a terceira gestão de Lula. Por isso, os resultados serão ainda mais necessários no curto prazo. A ver.
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