Brasil e Israel são parceiros improváveis. Um é país de dimensões continentais com incrível biodiversidade e localizado na América do Sul. O outro, um país pequeno, com 60% do seu território coberto por um deserto e localizado no Oriente Médio. Porém, os laços entre Brasil e Israel datam da criação do Estado Judeu. Essa parceria é possível graças ao apoio brasileiro no plano de partilha de 1947 da Organização das Nações Unidas (ONU), à importante atuação de Osvaldo Aranha, que presidiu aquela Assembleia Geral da ONU, para a aprovação da resolução, e aos esforços posteriores de ambos os países. Ainda que muito diferentes, possuem importantes semelhanças, uma delas as fortes democracias existentes em seus respectivos territórios.
Ao nos aproximarmos do aniversário de 75 anos desde a criação do Estado de Israel, estamos vivendo o melhor momento em nossa relação com o Brasil até agora. O relacionamento entre os dois países é muito amigável e se aprofunda em todos os aspectos. Diversos acordos foram assinados entre os países nas áreas de segurança, tecnologia e ciência, assim como diversas delegações — especialmente econômicas — de ambos os países trocam visitas.
O fluxo de comércio entre Brasil e Israel em 2022 alcançou aproximadamente US$ 4 bilhões — se comparado com o mesmo período em 2021 — mais que o dobro que o ano anterior, além de ter sido um ano recorde de visitas de delegações econômicas entre os dois países. Assim que o Acordo de Livre Comércio Mercosul-Israel foi efetivado, 90% dos produtos que o Mercosul exporta para Israel teve suas taxas de importação imediatamente reduzidas. Muitas demandas brasileiras podem ser atendidas pela indústria israelense, especialmente nos setores médico-farmacêutico, agrotecnológico, de tecnologias da informação e comunicação, água, saneamento e defesa.
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Além disso, houve um aumento extraordinário da cooperação nos campos da cultura, ciência, inovação na agricultura e na medicina, defesa e espaço. Mais de 300 empresas israelenses estão ativas no Brasil e contribuem para a economia brasileira implementando tecnologias israelenses nos processos produtivos brasileiros. No turismo, temos grande fluxo de israelenses visitando o Brasil, especialmente jovens israelenses que viajam após completar seu serviço militar obrigatório. Também há um grande fluxo de brasileiros que visitam o Estado de Israel, principalmente para conhecer os locais sagrados do cristianismo.
Ainda podemos falar sobre a grande cooperação na arena multilateral e nas organizações internacionais da grande comunidade judaica presente no Brasil e da grande comunidade brasileira em Israel. Mesmo com as diferenças mencionadas no início do texto, acreditamos ser possível promover uma ótima cooperação na área da sustentabilidade e mudanças climáticas e, no último ano, pudemos ver mais e mais invenções sustentáveis israelenses sendo usadas no Brasil. Israel e Brasil já colaboram mutuamente no âmbito acadêmico: recebemos professores e estudantes brasileiros em todas as universidades mais importantes de Israel, assim como dezenas de universidades brasileiras contam com acadêmicos israelenses.
No fim de 2022, os acordos assinados em 2019 continuam a avançar no Congresso Nacional. Um deles já foi aprovado nesse ano e passou a entrar em vigor. Os novos acordos aperfeiçoam o relacionamento bilateral de cooperação técnica nas áreas da ciência, tecnologia e defesa e englobam parcerias para pesquisas científicas e tecnológicas, organização de programas e participação em conferências sobre os assuntos. Esse é mais um passo adiante em uma relação que só tende a melhorar.
Além de tudo que temos em comum, o Brasil é um país estratégico para a política externa de Israel. Somos povos irmãos, unidos por laços fraternos que se fortalecem cada vez mais. Temos muito a contribuir uns com os outros e muito interesse em fazê-lo. E, conforme olhamos e nos preparamos para o futuro, continuamos a ver inúmeras possibilidades e interesses compartilhados.
*DANIEL ZONSHINE é embaixador de Israel no Brasil
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