Por RICARDO FERRO, doutor em Urologia pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e cirurgião do Centro de Robótica do Hospital Brasília e do Hospital Brasília Unidade Águas Claras, ambos da Dasa
Quarta doença mais comum entre os homens, a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB), também chamada de próstata aumentada, atinge cerca de 50% dos homens com mais de 50 anos. Com o passar dos anos, a glândula, que faz parte do sistema reprodutor masculino, tende a permanecer em crescimento, estando já comprovado que o seu aumento está relacionado com o envelhecimento. Acima dos 70 anos, a doença atinge quase 70% dos homens.
A próstata se localiza logo abaixo da bexiga, envolvendo a uretra, canal por onde passa a urina. Por isso, a HPB provoca aumento da frequência urinária, sensação de urgência para urinar, esvaziamento incompleto da urina e vários outros sintomas que, de modo geral, prejudicam a qualidade de vida daqueles que têm esse problema. Há relatos de homens que sentem insegurança ao sair de casa, pela vontade frequente ou descontrole para urinar.
Além disso, a doença pode comprometer o funcionamento da bexiga e dos rins, provocando complicações, como, por exemplo, a obstrução da uretra, retenção urinária aguda, insuficiência renal e, em consequência, necessidade de hemodiálise. Em determinados casos, o tratamento com medicamentos não traz resultados e a cirurgia é recomendada, em decorrência de obstrução muito intensa da uretra, que agrava os sintomas. Até recentemente, somente havia as cirurgias abertas, de raspagem e a robótica.
Na cirurgia aberta, é feito corte no abdome e há necessidade de abertura da bexiga, com permanência de sonda de 10 a 14 dias. A ressecção transuretral da próstata é feita pelo canal da urina e, em geral, deixa muito tecido prostático sem ser removido, apresentando mais sangramento e requerendo, em média, dois dias de internação. Já a enucleação da próstata com cirurgia robótica, embora feita com pequenos orifícios na barriga, também requer a abertura da bexiga e a permanência de sonda por período de 5 a 10 dias.
Uma boa notícia é que há um novo tratamento cirúrgico, minimamente invasivo, feito com laser Holep — ou Enucleação Endoscópica Prostática com Holmium Laser. Com essa técnica, é possível conciliar as vantagens das demais técnicas: é feita pelo canal da urina, portanto não requer acesso pelo abdome e abertura da bexiga, e consegue enuclear todo o tecido aumentado da próstata. Outra vantagem dessa cirurgia é que o paciente vai para casa no dia seguinte, sem sonda na bexiga.
O Holep é considerado pela Sociedade Americana e Europeia de Urologia como o "padrão-ouro" de tratamento para próstatas de qualquer tamanho. Nos homens abaixo de 40 anos, o tamanho normal da próstata é em torno de 15 a 20 gramas. No entanto, as próstatas muito grandes — maiores que 150 a 200 gramas —, embora possam ser tratadas com Holep, apresentam melhores resultados quando tratadas com a enucleação pela técnica robótica.
A principal diferença entre Holep e a raspagem de próstata (RTU) é a eficácia. Mas, além disso, a cirurgia com laser Holep traz outros benefícios aos pacientes, como a ausência da necessidade de se utilizar medicamentos que podem causar efeitos colaterais indesejáveis para os homens.
Outro ponto importante diz respeito aos pacientes que fazem uso frequente de anticoagulantes, uma vez que o procedimento não exige a interrupção do tratamento. Por se tratar de um método menos invasivo e com ausência de cortes abdominais, não existem riscos de sangramento durante o ato cirúrgico.
As primeiras cirurgias com essa técnica inovadora, no Hospital Brasília Unidade Águas Claras, foram feitas em 3 de dezembro, e os pacientes puderam ir para casa no dia seguinte, sem a necessidade de utilizar sonda.
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