A final de todos os tempos da Copa do Mundo entre Argentina e França no domingo passado deixou a falsa impressão de que mal podemos esperar pela próxima edição do torneio, em 2026, no Canadá, Estados Unidos e México. Vamos com calma. A última impressão foi excelente, claro, um jogo para a eternidade na despedida do torneio no formato com 32 seleções, não estou aqui para enganá-lo: se tudo der certo, a próxima versão tem tudo para ser uma festa estranha com gente esquisita como diz um trecho da canção Eduardo e Mônica, de Renato Russo e do Legião Urbana.
Escrevi no jogo de abertura da Copa entre Catar e Equador, em 20 de novembro, que aquela partida no Al Bayt era um trailer do novo Mundial. A próxima edição terá cada vez mais duelos desse nível. Motivo: serão 48 seleções e cada vez menos combates entre potências como Argentina e França.
Foi assim nesta edição. É possível contar nos dedos os duelos entre seleções de primeira linha do futebol mundial. Na fase de grupos, os duelos mais aguardados eram Espanha x Alemanha e Portugal x Uruguai. A partir do mata-mata, a quantidade de duelos entre camisas pesadas aumentou pouco devido às quedas precoces da Alemanha, Bélgica e Uruguai. Só voltou a rolar briga de cachorro grande nas quartas. A Argentina eliminou a Holanda. A França desbancou a Inglaterra. Depois disso, tivemos de esperar pela finalíssima. Resumindo: dos 64 jogos da Copa, cinco, ou seja, 7% envolveram as camisas pesadas. Com um pouco de boa vontade podemos chegar a oito se acrescentarmos os três duelos da Croácia contra Bélgica, Brasil e Argentina. E olhe lá...
A próxima Copa prevê 48 seleções, 80 jogos e uma possibilidades imensa de mais duelos entre seleções como Catar e Equador. Toda enrolada, a Fifa saiu da Copa de 2022 sem dizer como será o formato de 2026, daqui a três anos e meio. Há duas propostas: dividir 48 países em 16 grupos com três cada ou em 12 chaves com quatro cada. No primeiro, dois avançariam à fase de 16 avos do mata-mata seguida por oitavas, quartas, semi e final. Na outra, os dois melhores de cada e mais oito melhores terceiros iria aos playoffs. Não está ornando.
O aumento do número de participantes na Copa tem sempre como pano de fundo as eleições da Fifa. A próxima será daqui a três meses, em Ruanda. Gianni Infantino concorrerá. O inchaço da Copa permite usar o aumento de vagas como troca de favor. Foi assim quando pulou de 16 para 24 e depois a 32. Especula-se que a África passará de cinco para nove vagas. Nem todas as seleções dali são Marrocos da vida. A Ásia terá direito a oito. Chance para China, Coreia do Norte ou, quem sabe, a Índia.
Você pode ter se impressionado com a última impressão da Copa na final das finais, mas não se engane: a primeira impressão é a que fica. A próxima terá mais duelos entre Catar e Equador do que obras de arte como Argentina e França. O nível cairá e os duelos de alto nível serão raridades.
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