A Aruc fez festa no último sábado para receber da Terracap a escritura pública de concessão de Direito Real que dispõe sobre a regularização de ocupações unidades históricas sem fins lucrativos. Na linguagem popular, a entidade, localizada no Cruzeiro Velho, a partir de agora, pode, oficialmente, usar o espaço onde está instalada desde a década de 1970.
Campeoníssima do carnaval brasiliense com 31 títulos conquistados, a azul e branco aproveitou a comemoração para lançar o enredo do samba que vai levar para a avenida no desfile de 2023, intitulado Aruc, a fênix do Cerrado, criação de Cleuber de Oliveira (o Banjo) e Simone Bezerra.
Tenho uma ligação antiga com a tradicional comunidade do Gavião (nome original do bairro). No final da década de 1970 escrevi a primeira matéria sobre a escola. Para tanto, recebi material de divulgação, entregue por Hélio Tremendani (que na época usava Santos no sobrenome e fazia parte da diretoria da instituição). Logo na abertura vinha em destaque: Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro.
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Considerei a denominação muito grande e não apropriada para uma escola de samba. Aí sugeri ao Hélio que fosse resumida. Utilizando a abreviatura, surgia, então, Aruc — nome que foi acolhido de imediato. Desde então, é assim que a agremiação cruzeirense é chamada.
Fui jurado de festivais de pagode promovidos pela escola. O de 1985 foi vencido por Dinho e Ivan Mendonça com Cocada boa, gravada depois por Bezerra da Silva. Já o realizado no ano seguinte teve como ganhador Jorginho do Luz do Samba. Tem que ter fé, a música composta por ele acabou por fazer parte do repertório de Alcione.
Pelo palco da Aruc, ao longo dos anos, passaram nomes consagrados do samba brasileiro, entre os quais Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, Jovelina Pérola Negra, João Nogueira, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Arlindo Cruz, entre outros.
Fui espectador de quase todas essas apresentações, além da que mais me emocionou, a da Velha Guarda da Portela — escola carioca madrinha da Aruc — na década de 1990. Naquela oportunidade participei de uma feijoada ao lado de Alvaiade, Casquinha, Manacéa, Monarco, Dona Surica e Dona Nenê — nomes históricos da Águia de Madureira. Momento inesquecível!