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Artigo: Uma lenda chamada Pelé

SILVESTRE GORGULHO
postado em 30/12/2022 06:00
 (crédito: Caio Gomez)
(crédito: Caio Gomez)

Silvestre Gorgulho - Jornalista e autor do livro

Era uma vez um menino pobre, de uma família pobre, em um país pobre que tinha o dom de fazer mágicas: de uma bolinha de meia fez sete bolas de ouro.

Era uma vez, um menino que nasceu Edson, em 23 de outubro de 1940, em Três Corações. Virou DICO, para a família. E ganhou o apelido PELÉ, em São Lourenço, quando seu pai Dondinho jogava no time de minha terra natal.

Era uma vez um garotinho negro, humilde e franzino que fez, com sua arte e sua genialidade, o Brasil maior. Colocou o mundo inteirinho dentro da Vila Belmiro, em Santos. Fez do Maracanã, do Pacaembu e de muitos outros estádios do mundo altar de suas oferendas.

Era uma vez um garoto de 17 anos, único nessa idade a participar de uma Copa do Mundo, jogando a final, fazendo gols e sendo campeão.

Era uma vez um atleta que entrou para o mundo das artes, participando da literatura (prefaciou um livro de Carlos Drummond de Andrade), contracenou com Sylvester Stallone (Victory) e com muitos outros artistas em 18 filmes e algumas telenovelas. Entre eles: Os Trapalhões, Paulo Goulart, Milton Gonçalves, Grande Otelo, Dina Sfat, Tereza Raquel e José Lewgoy. Gostava de música. Pelé gravou com Elis Regina, Roberto Carlos, Chico Buarque, Jair Rodrigues e Gilberto Gil.

Em julho de 1971, Pelé se aposentou na Seleção Brasileira, mas a Seleção não o deixou. Continuou como eterna referência.

Em 1971, deu nome ao Centro Educacional e Esportivo Edson Arantes do Nascimento — Pelezão, na Lapa/Barra Funda(SP).

Em vida, Pelé colecionou muitas outras homenagens.

Em 1º de outubro de 1977, pelo Cosmos de New York, fez seu último jogo profissional, mas continuou sendo o maior personagem do esporte mundial.

Em 1981, Pelé foi eleito por jornalistas internacionais como o "atleta do século".

Foi o esportista mais requisitado da história para campanhas de marketing.

Na década de 90, o COI oficializou Pelé como o "atleta do século".

Em 1995, aceitou o convite para ser ministro dos Esportes, no governo FHC. Criou a Lei Pelé, sancionada em 24 de março de 1998, que instituiu normas gerais sobre o desporto brasileiro.

Além do diploma de Mérito de Cidadão do Mundo, da ONU, de uma estátua em Três Corações (MG) e outra na Índia, de um estádio de futebol no Irã e outro em Maceió e de uma praça em Los Angeles (EUA), Pelé colecionou ruas. Muitas ruas! Tem rua com seu nome em Montevidéu, no Uruguai, e em muitas cidades do Brasil: Três Corações e Barbacena, em Minas Gerais, Cariacica (ES), Japeri (RJ), Campinas e São José do Rio Preto, em São Paulo.

Em 1997, Pelé recebeu o título de 'SIR' - Cavaleiro Honorário do Império Britânico, das mãos da Rainha Elizabeth II, no Palácio de Buckingham.

No ano 2000, foi reconhecido pela Fifa como o maior jogador de futebol do século.

Em outubro de 2005, Pelé ganhou um presente de aniversário histórico: o Centro de Treinamento do Santo que passou a se chamar CT Rei Pelé.

Em junho de 2008, para comemorar os 50 anos da Copa de 1958, o Museu Nacional de Brasília fez a exposição As marcas do rei. Foi a maior mostra realizada sobre sua vida.

Em novembro de 2008, Pelé recebeu outra grande homenagem de Brasília. Ele próprio inaugurou, em Samambaia, cidade-satélite do DF, a Vila Olímpica Rei Pelé. Nesse complexo esportivo de 2,2 hectares, são oferecidas 17 modalidades de esportes para mais de 5 mil crianças.

Em 4 de novembro de 2010, Pelé foi homenageado pelo Exército Brasileiro. Em cerimônia solene no Museu do Desporto do Exército, na Fortaleza São João, Urca (RJ), o soldado Nascimento 201, que serviu no 6º GMAC de Praia Grande-SP, ganhou busto e um espaço especial. Apenas duas pessoas no mundo serviram o Exército de seus países na condição de ídolos e no auge da fama: Elvis Presley e Pelé.

Em dezembro de 2010, ao reconhecer o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, a Taça de Prata e a Taça Brasil como partes do Campeonato Brasileiro, a CBF proporcionou a Pelé um novo recorde: o maior campeão brasileiro da história com seis títulos nacionais.

Em 26 de julho de 2011, a presidente Dilma Rousseff nomeou Edson Arantes do Nascimento Pelé Embaixador Honorário do Brasil para a Copa de 2014.

Em 9 de fevereiro de 2012, Pelé ganhou estátua no Estádio da Amizade, na capital Libreville - Gabão, na final da Copa Africana de Nações. A homenagem foi para lembrar janeiro de 1969, quando o rei interrompeu duas guerras para o Santos jogar em segurança contra a seleção A e seleção B do Congo.

Em janeiro de 2014, Pelé recebeu da Fifa a Bola de Ouro Especial. O então presidente Joseph Blatter abriu a cerimônia dizendo: "Há poucos nomes que se destacam na história. Quando se fala em futebol, apenas um nome fica acima de todos: Pelé".

Também em 2014, a Prefeitura de Santos inaugurou o Museu Pelé.

Em outubro de 2017, foi lançada a 57º publicação sobre sua vida. Na China.

Em dezembro de 2017, em Moscou, é reverenciado por Maradona com um beijo na testa ao abrir o sorteio para a Copa de 2018, na Rússia.

Em 2022, na Copa do Catar, Pelé é homenageado pela Fifa, por jogadores em campo e na arquibancada por torcedores.

Em 2023, Santos planeja construir, ao lado de seu museu, o monumento que Oscar Niemeyer projetou para glorificar Pelé.

A Era Pelé parece não ter fim. O tempo passa, os anos avançam e o mito permanece. Amantes ou não do futebol têm sempre na ponta da língua a expressão mais nobre e digna para lembrá-lo.

Lenda que sempre recomeça: Era uma vez um menino pobre que, ao fazer mil Gols, lembrou das crianças pobres e, de uma bola, fez uma coroa de rei.

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