ANO-NOVO

Visão do Correio: Reflexões sobreo fim do ano

"O fim do ano, diferentemente de outros períodos, traz alguns aspectos peculiares. As pessoas estão visivelmente mais estressadas, atarefadas e, consequentemente, exaustas"

Correio Braziliense
postado em 26/12/2022 03:59
 (crédito:  Carlos Vieira/CB)
(crédito: Carlos Vieira/CB)

O fim do ano, diferentemente de outros períodos, traz alguns aspectos peculiares. As pessoas estão visivelmente mais estressadas, atarefadas e, consequentemente, exaustas. A paciência — trabalhada durante todos os outros meses — se esgotou e, como a maioria dos brasileiros faz, você também deixou para resolver alguns "imbróglios" no último minuto do segundo tempo.

Um levantamento da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia mostra que a terceira idade é a faixa etária mais afetada às vésperas do Natal e réveillon. De acordo com a entidade, a solidão é o principal receio dos brasileiros idosos.

Segundo a pesquisa, é imprescindível fazer com que pessoas da terceira idade se sintam incluídas no núcleo familiar, especialmente no caso do ano-novo, uma vez que, geralmente, as famílias se reúnem nos dias 24 e 25, mas se esquecem de que a passagem do ano também é um momento de reflexão, de repensar o que passou e projetar o futuro, ainda que essa faixa etária esteja em uma idade mais avançada.

Planejar em família ou falar sobre os planos daqui para frente é uma forma de pertencimento e de mostrar para o idoso que a vida dele precisa "ser vivida". O idoso precisa se sentir pertencente e devidamente representado entre seus familiares, por isso a rede de apoio é determinante para a qualidade de vida das pessoas.

O medo da solidão foi apontado como um dos principais gatilhos para a ansiedade dos idosos no Brasil (IBGE), em 2019, ultrapassando inclusive o medo da morte. As mulheres lideram o ranking de prevalência de condições como a depressão — cerca de 14,7% — contra 5,1% dos homens.

Para que essa solidão seja minimizada ou produza menos prejuízos, os especialistas recomendam às famílias o método "aging in place", ou seja, optar pelo suporte de um profissional habilitado, nos casos em que os filhos não tenham a quem confiar o idoso nesses dias festivos.

Dezembro é mesmo um mês atípico, a ponto de ser adjetivado. A "dezembrite", ou síndrome do fim do ano, pode se manifestar por meio de sentimentos como alegria, euforia, esperança, por um lado, ou solidão, angústia, frustração, ansiedade, por outro. É nessa fase que o Centro de Valorização da Vida (CVV) recebe cerca de 20% a mais de ligações e o nível de estresse do brasileiro aumenta em até 75%.

No entanto, é preciso reforçar que, por trás dessa sensação, há todo um contexto que transcende o mês de dezembro. A cobrança de nós mesmos aliada à pressão da sociedade — velada ou não — por um sucesso inatingível contribui para esses sentimentos de incapacidade.

Para superar ocasiões como esta, talvez o momento seja de desconstrução. Desfaça a lista de metas, os acordos pré-estabelecidos para 2023 e se dê ao luxo de apenas flanar. Esteja certo que a "dezembrite" vai passar. Faltam apenas cinco dias para o fim do ano.

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