Então é Natal... E se não pudermos ter esperança, de nada valeu tanto esforço. Depois da correria de sempre, sentamos à mesa com nossas famílias, celebramos o nascimento de Jesus e entendemos que, enfim, o que estamos vivendo é uma nova passagem, mais um dia na companhia de quem amamos, mais um dia na Terra. Devemos ser gratos, acima de tudo.
Natal, para mim, é aquela espécie de autoajuda na veia. A gente acende uma vela por dentro e acorda o Menino Deus, que habita em todos nós. Ele está sempre alerta, mas há momentos em que desperta sussurrando palavras bonitas, espalhando uma energia boa, que faz a gente sentir que tudo pode ser diferente. Esse sentimento bom é a esperança.
Não quer dizer que seja assim para muitos. Há quem se entristeça terrivelmente, sobretudo pela solidão. Há quem não cultue tradições, como mostramos na Revista do Correio de hoje, o que deve ser respeitado, aceito e não julgado. Há quem, nesta data, tenha fome, inclusive de amor. Por isso, é tempo também de ser solidário.
Na nossa edição de hoje de Cidades, contamos histórias de quem faz da solidariedade um presente diário para si próprio e para o outro. Nesta data, pessoas assim transformam dores. De quem não tem companhia, família, afeto, comida na mesa, saúde para dar e vender, energia para ainda lutar por um algo a mais.
Uma mesa posta por Otávio. Um teto para Gabriel. Marleide, a música na UTI, o reiki e o artesanato. Jecilda e a mão estendida oferecendo apoio jurídico e psicológico. Há tantas formas de olhar para o outro. Há tão variadas maneiras de se fazer o bem. A maior delas é oferecer esperança.
Hoje eu desejo que todos nós possamos treinar o olhar para o outro, entregar o perdão, estender a mão para quem precisa. Não existe alegria genuína no egoísmo. Um ser autocentrado, voltado apenas para si, deixa de enxergar a beleza do compartilhamento. Nunca fomos um só. Deus é o todo. Que possamos viver o Natal com plenitude, aceitando o presente que é partilhar a vida com o próximo.
O ano-correnteza, que foi 2022, levou pessoas queridas, trouxe angústias e expectativa em relação ao que virá. Mas, sabem, dezembro atrai também a mágica vontade de passar tudo a limpo, deixar o que foi ruim encaixotado nele próprio. Vou guardar de herança desses 300 e tantos dias as risadas colhidas, os bons presságios para o futuro próximo. Vou levar um papel em branco em vez de uma lista de resoluções cheia de promessas não cumpridas. Em 2023, quero o que me pertencer e o que eu puder construir dia a dia, dentro das minhas possibilidades e sem expectativas em excesso. E você?
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