JULIANA SIMÕES - Gestora de Comunicação do Impact Hub Brasília
Os conceitos relacionados ao impacto socioambiental são variados e, muitas vezes, não há um esclarecimento ou conhecimento ao classificar o tipo de negócio que atua nessa área, com utilização de diferentes terminologias. Isso dificulta o acesso dos negócios à temática e ao fortalecimento do ecossistema como um todo, que apresenta barreiras em identificar e diferenciar os diversos atores (stakeholders) que estão diretamente ou indiretamente relacionados com a área. Assim, é causado um problema de unidade, integração, conexão, conhecimento e relacionamento.
De acordo com o Mapa de Negócios de Impacto da Pipe de 2021, também podemos ver que a presença dos stakeholders e as pautas de impacto estão muito concentradas na Região Sudeste, que representa 58% das iniciativas sustentáveis, enquanto a Região Centro-Oeste, por exemplo, tem apenas 5%. É necessário ampliar nacionalmente as discussões sobre os temas e os efeitos causados, descentralizando o ecossistema.
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Além disso, vemos as temáticas de impacto socioambiental serem abordadas na imprensa, muitas vezes com uma visão superficial e pouco aprofundada sobre o assunto. Apesar de vermos um crescimento do tema nas mídias, muitas delas não têm uma editoria nem uma área própria sobre impacto socioambiental. Muitos jornalistas que vão cobrir pautas do tópico, por exemplo, desconhecem os conceitos de negócios de impacto e outros termos comuns utilizados na área, dificultando o entendimento e abordagem.
Alguns mitos e lugares-comuns também são vistos nessas interpretações. Sustentabilidade não é sinônimo de reciclagem; impacto ambiental não se refere apenas à gestão de resíduos; impacto social não é causado por qualquer iniciativa que impacte as pessoas.
Nessa perspectiva, é preciso sair da bolha do ecossistema de impacto, que só quem está inserido na área tem a compreensão do que está sendo dito, das agendas, das principais pautas e conceitos utilizados. Um dos desafios da comunicação de impacto, atualmente, é mantê-la mais clara e inclusiva. Estamos caminhando também para um diálogo cada vez mais humanizado, que representa mais as pessoas, com mais diversidade e com uma linguagem mais inclusiva.
Seguindo nessa ideia, atualmente se fala muito de greenwashing e bluewashing que, em resumo, é utilizar as estratégias de comunicação e marketing para promover discursos, ações e propagandas sustentáveis e de impacto social, que na verdade não são coerentes com as práticas realizadas. É preciso diferenciar o que de fato é ação de impacto socioambiental e o que é oportunismo.
Por isso, é valorizado que as empresas tenham processos transparentes, dados de impacto e coerência entre o discurso e a prática. A comunicação, nesse contexto, tem um papel de extrema importância, para não apenas realizar discursos apelativos que cobrem atitudes da sociedade como um todo e defenda ideias de sustentabilidade sem ter esse olhar do que, de fato, está sendo feito pelo negócio ou organização.
Não é, portanto, coerente falar de diversidade sem ter um time diverso, por exemplo. A transparência nesse olhar para dentro da organização e na busca de melhorias vem antes de mostrar boas práticas para o público. A comunicação deve ser um reflexo do que está sendo realizado pela empresa, não algo que ela gostaria que fosse, ou exigisse essa responsabilidade externa.
Uma dica para as organizações e negócios que querem aplicar práticas de diversidade e inclusão é acessar o e-book feito pelos Impact Hubs do Brasil. Nele, além do sumário com conceitos da área e conteúdos, trazemos exemplos práticos de como nós, do Impact Hub, estamos realizando ações para incentivar a diversidade e a inclusão. Temos muito o que melhorar ainda, mas algo é certo: a comunicação, a transparência e a colaboração são essenciais para um impacto cada vez maior.
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