"Quero fazer discos importantes, que possam indicar caminhos, modificar alguma coisa.Tenho vontade de deixar minha marca." Estas afirmações poderiam soar pretensiosas, ditas por um jovem cantor, compositor e instrumentista, mas não para Zé Ibarra, incensado por nomes consagrados da MPB como Gal Costa, Caetano Veloso, Ney Matogrosso e Milton Nascimento.
Aos 25 anos e ainda com pouco tempo de carreira, Zé Ibarra chamou a atenção de muita gente que o ouviu num duo com Gal em Meu bem meu mal, clássico da obra de Caetano, registrado no álbum Nenhuma dor, lançado pela cantora no final de 2021, para comemorar 75 anos, com a participação de intérpretes da nova geração.
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Ele passou a ser ainda mais aplaudido e admirado após cumprir turnês pelo Brasil e exterior, ao lado de Milton Nascimento, com os shows Clube da Esquina e Última Sessão de Música, que passaram por Brasília. O primeiro foi apresentado no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, e o segundo no Ginásio Nilson Nelson. Em ambas as oportunidades o entrevistei e percebi o quanto é articulado ao expor suas ideias sobre o ofício que exerce.
Zé Ibarra iniciou a trajetória artística na banda Dônica, que tem entre os integrantes Tom Veloso, filho mais novo de Caetano Veloso. Atualmente forma com Dora Morelenbaum, Júlia Mestre e Lucas Nunes o festejado grupo pop Bala Desejo. Nos dois destaca-se como o principal vocalista.
Em breve esse musicista talentoso, docemente carismático, poderá mostrar o quanto é transgressor, em seu processo criativo — assim como nos figurinos que costuma usar — ao passear por gêneros diversos. Essas canções farão parte do primeiro disco solo que ele lançará no começo de 2023 — desde já bastante aguardado por quem o vê com um dos mais promissores representantes do campo sonoro brasileiro contemporâneo.
Mas, enquanto não chega este momento, sugiro que ouçam a interpretação de Zé Ibarra para músicas consagradas e lados B da obra de Caetano Veloso, no canal Bis (seção Versões). Como um camaleão, ele exibe virtuosismo ao emprestar a voz — de timbre peculiar que se situa na interseção entre o masculino e o feminino, com direito ao uso de falsete — e o corpo quando canta. E ainda toca violão e teclados.
Faz isso ao recriar com personalidade, por exemplo, Alguém cantando, A tua presença morena, Coração vagabundo, Ele me deu um beijo na boca, Muito romântico, Nosso estranho amor, Superbacana,Tigresa e Você é linda. Aproveitou para mostrar a bela Baile de máscara, de sua autoria.
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