LUIZ CLÁUDIO ALLEMAND - Advogado, mestre em direito tributário, LLM pela Steinbeis University Berlim e Diretor Jurídico da Fiesp
RODRIGO BADARÓ - Advogado, conselheiro nacional de proteção de dados (CNPD/ANPD) e conselheiro nacional do Ministério Público (CNMP)
Nestes novos tempos, pautados pela hipertransparência e pela hiperconectividade, ficar indiferente às demandas da sociedade definitivamente não é opção para os profissionais e as empresas que desejam prosperar nos negócios. Temos um mercado exigente, com um olhar muito mais atento a quem adota (ou não) boas práticas de governança, sociais e ambientais, e busca sustentabilidade nos produtos e serviços que lhe são oferecidos.
Há novo modelo de negócio em curso, guiado pela economia global, com consumidores ávidos e interessados em conhecer os impactos gerados na cadeia produtiva do que consomem. Mas como nos preparar para atender a esse novo mundo? Qual o nosso papel nesse cenário e como prosperarmos diante de tantos desafios e competitividade? Certamente não é fácil responder a essas questões, mas algumas reflexões podem ajudar.
Precisamos perceber a sustentabilidade como um bem entregável e fundamental dentro das estratégias de negócios. Mais que render resultados positivos para a sociedade, as boas práticas sustentáveis estão diretamente relacionadas à perspectiva futura do valor de mercado de uma empresa. Elas elevam o lucro, atraem investidores, encantam clientes.
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Tanto que houve um grande crescimento no volume financeiro dos investimentos sustentáveis no mundo. No cenário global, a estimativa é de que pelo menos US$ 30 trilhões em ativos estejam sob gestão de fundos ESG, ou seja, focados em aplicar os recursos apenas em negócios e empresas com práticas sustentáveis.
Outro ponto para reflexão que complementa o primeiro está nos benefícios gerados pelos pilares da governança corporativa. Ser transparente, ter equidade, prestar contas e ser responsável corporativamente podem ser ótimos negócios na medida em que as empresas com melhores indicadores — financeiros e não financeiros — são percebidas pelo mercado como menos arriscadas e, assim, são mais valorizadas.
O último ponto para reflexão não menos importante nesse cenário: o consumidor. A opinião pública ganhou mais consciência social e ambiental, com forte propensão para consumir marcas que apoiam e defendem essa demanda. O crescimento da comunicação digital, especialmente das redes sociais, gera cobranças, antes invisíveis, acendendo um alerta entre as empresas na busca pelo fortalecimento de suas marcas, de forma planejada, responsável e sustentável.
Lembramos aqui que Roberto Campos disse certa vez que "Minha geração falhou na tarefa de fazer do futuro o presente". A geração atual, conectada e abastecida com volume absurdo de informações, tenta sempre se antecipar ao futuro, até em uma ansiedade criada pela tecnologia de tentar mudar o mundo rapidamente. Utopia ou não, isso gera cenários e efeitos e mudanças de comportamentos e exigências, podendo causar um grande risco à carreira ou à empresa. Como você está se preparando para isso? Como quer ser visto diante desse mundo complexo, dinâmico e absurdamente volátil?
Independentemente das respostas às reflexões trazidas nesse texto, um fato é certo e inquestionável. O desafio para um futuro próspero — no trabalho, na vida pessoal e no planeta — está em compreender o valor das ações que realizamos hoje e entender que suas consequências vão, invariavelmente, bater à nossa porta amanhã.
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