A chegada da estação das chuvas, que espalha estragos, prejuízos e perdas por vários estados do país, dá asas também a um velho inimigo, que como as enchentes se faz presente ano após ano sem que a sociedade brasileira — governo e população — seja capaz de contê-lo. E o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde mostra que o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, mas também da zika e da chikungunya, segue neste ano mais forte que antes, trazendo ao já abalado sistema de atendimento nacional mais um desafio.
Com os casos de covid-19 agora em nova alta e sobrecarregando novamente a rede, o país convive, segundo o levantamento divulgado na última semana, com 1 milhão e 400 mil casos prováveis de dengue acumulados desde o início de 2022. O número nacional representa até uma queda discreta em relação a 2019, ano em que a disseminação da virose foi catastrófica em estados como Minas Gerais. Mas assusta quando comparado com 2021, com um aumento de nada menos que 172,4% entre períodos de tempo equivalentes.
Pior: como a lembrar que dengue não é apenas um desafio para a capacidade de mobilização e atendimento médico no Brasil, mas também mata. O número de mortes neste ano já beira a casa do milhar. As 978 vidas perdidas para a doença transmitida pelo mosquito em 2022 já equivalem a assustador aumento de 297% sobre o total de 246 óbitos pelo mesmo motivo contabilizado nos 12 meses do ano passado.
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Em números absolutos, a região que mais sofre com a disparada de casos na atual temporada é a Sudeste, também a mais populosa do país. Entre os quatro estados, São Paulo concentra a maioria absoluta dos casos prováveis, com 350.199 diagnósticos, segundo o Ministério da Saúde. Logo em seguida vem Minas Gerais, com 89.874 vítimas prováveis da dengue — bem menos que os 475 mil do mesmo período no trágico ano de 2019, mas com total equivalente a 384% dos 23.103 registros de 2021.
Quando se considera a taxa de incidência, porém, é no Centro-Oeste do país que todos os alarmes disparam. A região tem índice de 1.993 diagnósticos para cada grupo de 100 mil moradores, o mais alto em território nacional, seguida dos estados do Sul (média de 1.043,3 casos/100 mil habitantes). O Sudeste, que concentra a maior população e também o maior número absoluto de casos, aparece em terceiro lugar pelo critério de incidência, com 512,7 casos/100 mil habitantes. Em seguida vêm Nordeste (420,5 casos/100 mil) e Norte (253,2 casos/100 mil).
É também no Centro-Oeste que estão as cidades com maiores números de casos prováveis de dengue, e não deixa de ser sintomático que a capital da República apareça no topo do ranking. Brasília, segundo os mais recentes dados do Ministério da Saúde, concentra nada menos que 67.274 diagnósticos da virose transmitida pelo Aedes aegypti, com taxa de incidência de 2.174,1 casos para cada grupo de 100 mil habitantes, mais de três vezes superior à média de 656,3/100 mil registrada no país. Goiânia (GO), com 53.796 prováveis contaminados pela dengue (3.458,2 /100 mil) e Aparecida de Goiânia (GO), com 25.138 casos (4.176,8 casos/100 mil), na mesma região, fecham o grupo dos três municípios mais atingidos.
Os dados levantados por autoridades sanitárias preocupam não apenas pelo que já representam de impacto em um sistema de saúde abalado por três anos de pandemia, que se somam aos seus desafios e deficiências históricos. Chamam a atenção também pelo que ainda podem representar daqui em diante. Com a temporada chuvosa, a curva de casos registra tendência natural de alta, já que o mosquito transmissor da dengue encontra com abundância aquilo que é indispensável à sua reprodução: água parada. E descuido.
O pico de casos, indicam gráficos oficiais, normalmente se observa entre os cinco primeiros meses do ano. Ou seja: o risco já anunciado pelos números ainda pode se agravar. E não vem encontrando resposta à altura em campanhas educativas maciças e mobilização nacional, por parte de uma gestão em fim de mandato e tomada pela paralisia e pelos cortes de recursos em diferentes setores. Um ambiente fértil para o mosquito prosperar.
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