O mundo está de olho no Brasil. Como bem ressalta o economista Tony Volpon, há um caminhão de dinheiro pronto para entrar no país. Apesar de todas essas expectativas positivas, são várias as condicionantes para que os recursos aportem por aqui, a começar pela reconstrução da confiança nas contas públicas. Depois de todas as estripulias feitas nos últimos anos, em que o teto de gastos foi constantemente derrubado por meio de emendas constitucionais, espera-se, a partir de janeiro de 2023, que a casa seja colocada em ordem, com um arcabouço fiscal consistente.
O Brasil desponta como um dos principais polos de atração de investimentos hoje. É grande o desapontamento do capital com a China, cuja economia está em franco processo de desaceleração. Não que o gigante asiático será descartado pelos donos do dinheiro, mas o apetite pela segunda maior economia do planeta diminuiu muito. A Rússia, por sua decisão autoritária de invadir a Ucrânia, foi riscada do mapa pelos investidores. Já a Turquia, que se transformou numa autocracia, em que os direitos humanos são desrespeitados e as regras econômicas mudam de acordo com os interesses do governo, também está fora de cogitação.
O México, mesmo estando colado aos Estados Unidos, deve sofrer todas as consequências de uma forte desaceleração da produção e do consumo norte-americanos. Não bastasse isso, o governo de esquerda radical e o crescimento acelerado do narcotráfico assustam os mais conservadores. O Chile e a Colômbia, por sua vez, têm economias pequenas, assim como a África do Sul, que enfrenta instabilidade política. Portanto, nesse ambiente nada animador, o Brasil surge como uma opção muito boa, pela diversidade de seu parque produtivo e pelas perspectivas de ascensão social de parte da população.
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Resta saber se o próximo governo não desperdiçará a oportunidade que está colocada. O Brasil precisa urgentemente de recursos externos para tocar empreendimentos importantes, especialmente de infraestrutura. A União já não consegue fazer a sua parte, que é manter o que está de pé. O nível de investimento público é de apenas 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o menor da história. O capital privado nacional anda reticente ante tantas frustrações nos últimos anos. Não sem razão, cobra previsibilidade para tirar projetos da gaveta, adiados tanto pelas sucessivas crises econômicas quanto pelas turbulências políticas.
O Brasil tem ainda a vantagem de poder se tornar um polo industrial preferencial dentro da nova configuração geopolítica. Estados Unidos e Europa estão escolhendo parceiros preferenciais como fornecedores, pois entenderam que ficaram dependentes demais da China e da Rússia, esta última, na questão energética. Um ambiente de negócios favoráveis no país, com um programa eficiente de educação para qualificar a mão de obra, será fundamental para que o mundo veja o Brasil com credibilidade. E isso não se constrói da noite para o dia, com uma simples troca de governo.
Vale ressaltar ainda as previsões de melhora na economia. A inflação, depois do tormento dos últimos dois anos, dará trégua, voltando para as metas fixadas pelo Banco Central. Com isso, é muito provável que, a partir do segundo trimestre de 2023, a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano, comece a cair. O equilíbrio fiscal será preponderante para isso. Tais projeções só aumentam a responsabilidade da próxima administração federal. Brasília não pode se tornar uma irradiadora de frustrações. Foram tempos difíceis até aqui. Desperdiçar as oportunidades que estão no horizonte será uma pá de cal nas chances reais de mudança do país para melhor. Os brasileiros merecem ser felizes novamente. Que o bom senso prevaleça sobre a arrogância e a empáfia dos que estarão no poder.
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