Alvorada se fez escuridão, trevas. Com 70 mil habitantes, o município da região metropolitana de Porto Alegre foi cenário do indizível. Os irmãos Yasmin Antunes Lemos, 11 anos; Donavan, 8; Gyovanna, 6; e Kimberlly, 3, foram brutalmente assassinados por quem lhes devia amor, pela pessoa em quem mais confiavam. Os corpinhos estavam em dois quartos, na casa do pai, uma construção de madeira no bairro Piratini. Kimberlly foi asfixiada com um travesseiro enquanto dormia. Os demais foram esfaqueados no abdome e nas costas. Não puderam se defender. Não esperavam que aquele que lhes deu a vida também lhes traria a morte. Meu coração chora por Yasmin, Donavan, Gyovannna e Kimberly. Mas também por Henry Borel, por Isabela Nardoni, por Bernardo Boldrini, por Rhuan Maycon. E por tantas crianças mortas por quem representava a elas amor e cuidado.
Meu coração chora por vocês. Consigo sentir a dor e o horror ante a finitude da vida, arrancada de forma torpe e monstruosa por quem tinha a obrigação de protegê-los. Espero que, caso exista um céu, depois que a luz brotar mais uma vez, os quatro irmãos de Alvorada caminhem por nuvens de algodão repletas de flores e de perfume. E que enviem todo o amor deste mundo para a mãe, destroçada pela barbárie e pelo peso insustentável da saudade. Que possam ser recebidos por Henry, Isabela, Bernardo e Rhuan, e confortados por terem sido arrancados do convívio e do carinho de sua mãezinha.
Saiba Mais
É inconcebível que crianças sejam vitimadas por tanta maldade e que o Estado não consiga prevenir monstruosidades como a praticada pelo pai de Yasmin, Donavan, Gyovanna e Kimberlly. A ex-esposa havia entrado com medida protetiva contra o assassino confesso. Pouco antes de matar os próprios filhos, ele enviou mensagens ameaçadoras à mãe dos pequenos. Confessou ter cometido tamanha atrocidade para se vingar e punir a ex-esposa. Se o "pai" estivesse preso, a tragédia teria sido evitada. O Estado precisa atuar com mais firmeza em casos quando a integridade física de mulheres e crianças é colocada em xeque. Isso inclui fazer valer a Lei Henry Borel, publicada no Diário Oficial da União em 25 de maio passado. Mas a legislação deveria ser ainda mais rigorosa em relação à imputação de penas aos infanticidas.
Deixo um apelo aos nossos congressistas: avaliem uma reforma do Código Penal e a adoção da prisão perpétua a quem assassina criança. São indivíduos de ressocialização impossível. Trazem a maldade no coração. Não têm o mínimo de escrúpulos e de respeito pela vida humana. São covardes, abjetos, torpes. Nossa lei, muitas vezes, é condescendente demais com o criminoso. Meu coração chora por vocês e por sua mãezinha, meninos de Alvorada. Minhas lágrimas são carregadas de sede de justiça. Descansem em paz, crianças...
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