tragédia

Artigo: À espera de respostas

Cida Barbosa
postado em 15/12/2022 06:00
 (crédito: Reprodução/Arquivo Pessoal/G1)
(crédito: Reprodução/Arquivo Pessoal/G1)

Karina, 17 anos, tinha concluído recentemente o ensino médio. A formatura seria neste mês. Kelvin, 14, terminou o 9º ano e queria ser delegado da Polícia Civil. Estudioso que era, certamente alcançaria seu objetivo. Sophia, 5, filha única, era uma criança feliz e muito próxima de Karina e Kelvin.

Tanta vida, tantas expectativas. E um cabo de alta tensão, no caminho deles, pôs fim a tudo. Essa tragédia que aconteceu na sexta-feira, na QNP 24 do PSul, não pode ser ignorada nem minimizada. É uma das páginas mais desoladoras da história deste Distrito Federal.

Moradores do local têm a sensação — na verdade, a convicção — de que esse acontecimento tétrico poderia ter sido evitado. Dizem que procuraram a Neoenergia, há seis meses, para a troca do fio, mas que a empresa, quando atendeu a solicitação, só fez um "remendo". O cabo continuava fazendo barulho e soltando faíscas, conforme relatam. Por isso, a tristeza se juntou à revolta.

Quem foi criado ou vive na periferia sabe como é hercúlea a missão de ser atendido em suas demandas — isso vai de empresas privadas ao poder público. Abandono e descaso fazem parte da rotina dos que não moram em locais abastados. São tratados como cidadãos menores. Não raro, a assistência, quando chega, é precária. Ante uma adversidade decorrente de negligência, a indignação é inevitável e totalmente compreensível. Ainda não sabemos se foi esse o caso no PSul.

A Neoenergia refutou a denúncia. Assegurou que, neste ano, houve somente três chamados para manutenção na área, prontamente atendidos no mesmo dia. Acrescentou que a rede elétrica da região foi inspecionada em agosto, e todos os pontos de risco, corrigidos. Para a empresa, até o momento, as causas prováveis foram "quedas de raio, ventos fortes, grande volumes de chuvas e outros fatores externos".

A polícia solicitou perícia na subestação por causa de "algumas suspeitas". O resultado ainda vai demorar uns 30 dias. Fiquemos atentos aos desdobramentos da investigação. O rigor tem de permear essa apuração, para que não reste dúvida do que determinou o destino atroz dessas três vidas.

Deixo aqui o meu pesar, os meus mais profundos sentimentos à família de Karina, Kelvin e Sophia. Se culpados houver por tamanha perda, que a Justiça seja feita. Com a máxima rigidez.

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