Para um país, como o Brasil, que precisa tanto resgatar um futuro de crescimento econômico sustentado, com distribuição de renda e bem-estar social, é inaceitável que se assista, passivamente, a fuga de cérebros que se vê neste momento. Todos os levantamentos apontam que nunca tantos jovens talentos deixaram suas histórias para trás em busca de oportunidades e de melhores condições de vida no exterior.
São muitas as empresas multinacionais que têm se aproveitado do descontentamento de profissionais de primeira linha para usufruir de todo o conhecimento que acumularam e, sobretudo, do que podem oferecer ao longo dos anos.
O Brasil, infelizmente, está ficando para trás. As economias mais avançadas, que enfrentam um rápido envelhecimento de sua população, têm facilitado as regras de imigração, convencidas de que a atração de mão de obra especializada é o caminho mais adequado para dinamizar a economia e garantir um novo ciclo de prosperidade.
São quatro os segmentos que dominam a agenda num mercado de trabalho cada vez mais globalizado: ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Coincidentemente, os brasileiros estão entre os mais criativos e promissores profissionais nessas áreas.
Os últimos anos foram complicados para a educação no Brasil. Além de não se dar o valor necessário ao aprendizado, tentou-se, de todas as formas, desqualificar a ciência e a pesquisa, fundamentais para qualquer nação que almeje garantir à população dias melhores, seja na saúde, seja no acesso a bens e serviços e à alimentação.
As universidades perderam verbas e projetos importantes foram engavetados. Fora do país, porém, o caminho foi exatamente o oposto. As verbas disponibilizadas para pesquisas aumentaram e aqueles que se depararam com oportunidades mundo afora não se intimidaram. É do jogo.
Os jovens, sabe-se, são ansiosos e não se contentam com promessas vazias. A taxa de desemprego entre eles é de quase 18%, mais que o dobro da média nacional, de 8,3%. Também são eles as maiores vítimas da violência e da pobreza.
Como um país pode se acomodar quando 33% dos mais de 62 milhões de brasileiros que vivem em situação de vulnerabilidade são homens e mulheres entre 15 e 29 anos, justamente aqueles que deveriam estar nas salas de aula e desbravando o mercado de trabalho? Os que têm chance de mudar essa história o fazem, ainda que isso signifique recomeçar de novo, longe de suas origens e de suas famílias.
Ainda há tempo para reverter esse quadro. Para isso, a educação deve se tornar prioridade, não no discurso, mas na prática. Com certeza, um sistema de ensino mais bem estruturado, focado e moderno, não só contribuirá para que talentos desabrochem, como reterá cérebros no país.
Num mundo competitivo, profissionais qualificados incrementam a produtividade da economia, elemento fundamental para o avanço da produção e do consumo. Não se pode esquecer que a competitividade no país está estagnada há mais de três décadas. Hoje, para produzir o mesmo que um alemão no chão da fábrica são necessários quatro brasileiros.
É verdade que a internacionalização da mão de obra é um movimento que veio para ficar. Portanto, não haverá fronteiras no mercado de trabalho. Os países que oferecerem as melhores condições a seus cidadãos — segurança, bons salários, ascensão social, educação de qualidade — serão os grandes vitoriosos nessa batalha. O Brasil tem o mais importante de tudo: uma população ainda jovem ante a maioria das nações mais ricas, com vontade de aprender e ávida por conquistar seu espaço. Basta dar-lhe os instrumentos adequados que os resultados aparecerão.
Abrir mão desse potencial será condenar o país ao atraso e à dependência do que vem de fora. A pandemia do novo coronavírus mostrou que nações que negligenciam a educação, a ciência e as pesquisas se tornam meras expectadoras das transformações. Os talentos brasileiros nasceram, felizmente, para ocupar os papéis principais nesse mundo. É só fazer o dever de casa.
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