Anthony de Mello, um sacerdote jesuíta indiano que se tornou referência na psicologia, dizia que "a menor distância entre um cérebro humano e a verdade é a história". A humanidade é feita delas. Os primitivos, no interior de suas cavernas, desenhavam animais, objetos e pessoas, de forma rudimentar, para narrar seus feitos e transmitir as mensagens. E, a partir dessa escrita, a jornada do Homem passou a ser contada.
A gente adora uma boa história. A Bíblia, independentemente da crença, é uma prova de que as narrativas cativam. No Antigo Testamento, José do Egito se tornou um líder após traduzir um sonho do Faraó por meio da interpretação de que as sete vacas magras representavam sete anos de fome e pestes. No Novo Testamento, Jesus utilizava parábolas para agregar discípulos. E assim caminhou a humanidade. Desde o homem das cavernas, passando pelas escrituras sagradas, até chegar aos folhetins — hoje convertidos nas novelas, séries e filmes que geram assunto no bar e no salão de beleza.
Isso é storytelling. Tecnicamente, é a habilidade de construir uma narrativa envolvente. No jornalismo e na publicidade, utilizamos esse trunfo para reter o público. Isso porque, enquanto os números têm a prerrogativa de alarmar, as narrativas instrumentalizam a humanização. E é a neurociência quem explica: o cérebro humano tem mais facilidade para reter histórias do que dados. Ao passo que as informações podem causar confusão, o enredo ativa emoções que permitem conquistar o outro com muito mais facilidade.
Observem os comerciais de margarina, perfume e cerveja, por exemplo, que trazem os relacionamentos como pano de fundo. Produtos são vendidos enquanto se mostra a família tomando o café da manhã; os casais se preparando para um encontro amoroso; e gente bonita, alegre e saudável na praia, se refrescando com uma cervejinha bem gelada. Cenas que a gente adora viver e idealizar.
Quando você envolve o outro no seu enredo, a mensagem é transmitida com mais eficiência. E não é preciso ser profissional de comunicação ou marketing para utilizar a técnica. É consenso entre especialistas em bombar Instagram, por exemplo: utilize os stories para literalmente contar histórias. Em vez de usar imagens estáticas, grave vídeos oralizados, faça lives interativas. Seguidores querem ouvir nossas vozes e, assim, eles engajam mais.
Mas é preciso ter cuidado. O convite a narrar histórias não pode ser confundido com contar mentiras. Storytelling não se constrói com enredos falaciosos e nem deve ser instrumento de propagação de fake news — a menos que se trate de ficção explícita, é preciso transmitir verdade. Engajar o público a qualquer preço não é legal.
Mas aí já é outra história, que no caminho eu te conto...
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