Na noite de 21 de outubro de 1967, eu, adolescente e amante da música, estava em frente a um velho aparelho de televisão, atento à apresentação dos finalistas da segunda edição do Festival da Record e, consequentemente, ao anúncio dos vencedores, feitos pelos mestres-de-cerimônia Sônia Ribeiro e Blota Júnior. Ponteio, de Edu Lobo e José Carlos Capinan foi a vencedora. Classificaram-se em segundo, terceiro e quarto lugares, respectivamente, Domingo no parque (Gilberto Gil), Roda Viva (Chico Buarque) e Alegria alegria (Caetano Veloso).
Como espectador e testemunha daquele importantíssimo momento da história da música popular brasileira, escrevo este texto para contestar os desavisados (ou seriam mal intencionados?) que colocam em dúvida a autoria de Roda Viva, obra de Chico Buarque de Holanda) esse gigante da cultura nacional, que tanto nos orgulha.
Aliás, ele é presença marcante no palco do auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, hoje e amanhã,com o show Que tal um samba?, tendo a companhia de Mônica Salmaso.
Para quem aprecia versos bem construídos de belas canções, segue, na íntegra, a letra de Roda Viva: "Tem dias que a gente se sente/ Como quem partiu ou morreu/ A gente estancou de repente/ Ou foi o mundo então que cresceu/ A gente quer ter voz ativa/ No nosso destino mandar/ Mas eis que chega a roda-viva/ E carrega o destino pra lá/ Roda mundo, roda-gigante/ Rodamoinho, roda pião/ O tempo rodou num instante/ Nas voltas do meu coração/A gente vai contra a corrente/Até não poder resistir/ Na volta do barco é que sente/O quanto deixou de cumprir/ Faz tempo que a gente cultiva/ A mais linda roseira que há/Mas eis que chega a roda-viva/ E carrega a roseira pra lá/ Roda mundo, roda-gigante/ Rodamoinho, roda pião/ O tempo rodou num instante/ Nas voltas do meu coração/ A roda da saia, a mulata/ Não quer mais rodar, não senhor/ Não posso fazer serenata/ A roda de samba acabou/ A gente toma a iniciativa/ Viola na rua, a cantar/ Mas eis que chega a roda-viva/ E carrega a viola pra lá/ Roda mundo, roda-gigante/ roda moinho, roda pião/ O tempo rodou num instante/Nas voltas do meu coração/ O samba, a viola, a roseira/ Um dia a fogueira/ queimou/ Foi tudo ilusão passageira/ Que a brisa primeira levou/ No peito a saudade cativa/ Faz força pro tempo parar/ Mas eis que chega a roda-viva/ E carrega a saudade pra lá/ Roda mundo, roda-gigante/ Rodamoinho, roda pião/ O tempo rodou num instante/Nas voltas do meu coração/ Roda mundo, roda-gigante/ Rodamoinho, roda pião/ O tempo rodou num instante/ Nas voltas do meu coração/ Roda mundo, roda-gigante/ Roda moinho, roda pião/ O tempo rodou num instante/ Nas voltas do meu coração".
P.S.: A quem interessa saber mais sobre e o Festival da Record, sugiro acessar na internet o documentário Uma noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Cal.
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