Saúde

Visão do Correio: Câncer ainda é um desafio

*Correio Braziliense
postado em 28/11/2022 06:01 / atualizado em 28/11/2022 06:31
 (crédito:  Getty Images/iStockphoto)
(crédito: Getty Images/iStockphoto)

A cada ano, mais de 600 mil pessoas são diagnosticadas com câncer no Brasil e cerca de 1,875 milhão estarão com a doença ao fim deste ano. Um número robusto, se formos levar em conta todo o arsenal científico e financeiro disponibilizado para a produção de medicamentos e qualificação de médicos e cientistas em todo o mundo.

Quando do surgimento do vírus HIV, muito se falou da dificuldade em se encontrar a cura para a Aids em decorrência das inúmeras mutações e dos efeitos colaterais das drogas, até então pouco eficazes. A cura ainda não ocorreu, mas, ao longo dos anos, o que se viu foi um protocolo de tratamento altamente positivo, evitando que o paciente atinja estágios letais da doença.

Ontem, 27 de novembro, foi o Dia Nacional de Combate ao Câncer e várias reflexões merecem ser feitas, ainda como parte da campanha Novembro Azul. Apontado como a segunda causa de mortes entre os brasileiros — sendo responsável por 15,6% dos óbitos, de acordo com o IBGE, a expectativa de especialistas para os próximos anos é ainda pior.

Mesmo que as taxas de cura se aproximem de 60%, há ainda um enorme contingente de brasileiros morrendo de tumores em estágio avançado.

Segundo o oncologista Paulo Hoff, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Shop) e presidente do Conselho Diretor do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), o temor dos profissionais de saúde é que até 2030 o Brasil assista ao aumento da incidência de casos a ponto de o câncer passar para a primeira posição das causas de mortes no país — suplantando o número de óbitos por doenças cardiovasculares.

É verdade, também, que a rede pública das grandes cidades tem um papel fundamental no diagnóstico, atendimento e tratamento de pacientes oncológicos, ainda que não ofereça a primeira linha de medicamentos para determinados tipos de tumor, devido ao custo dessas drogas.

Além de ser uma questão de saúde pública, parte dos cânceres é fruto dos maus hábitos de vida, seja pela exposição a fatores de risco, como cigarro, álcool e alimentação inadequada. Atualmente, assistimos à escalada do consumo de cigarros eletrônicos no Brasil, mesmo que sua comercialização seja proibida.

E aqui vale um comentário. Os altos índices de mortes por cânceres de pulmão, muitas delas em decorrência do tabagismo, deve-se ao fato de que no Brasil 70% dos casos são diagnosticados no estágio 4, ou seja, quando a doença é metastática (em fase avançada), sem possibilidade cirúrgica ou radioterápica (com efeito de cura).

Diante de uma expectativa crescente de casos de câncer nas próximas décadas e da evolução das pesquisas e técnicas de tratamento, o que parece não mudar são as formas de prevenção contra a doença. Não fumar, não beber em excesso, evitar o consumo de produtos processados, carne vermelha, açúcares em demasia, evitar exposição solar em horários inadequados e praticar atividades físicas regulares, além de fazer um checape anual, continuam sendo as melhores decisões. Cabe a gestores públicos apoiar campanhas de cuidados à saúde e investir em iniciativas que alertem a população para a prevenção.

 


Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.