Os últimos quatro anos foram desafiadores para o Brasil, com muitos conflitos entre poderes e problemas agravados pela pandemia, guerras no mundo e outros fatores. Chegou agora o momento de o país virar a chave e retomar a normalidade. Cabe ao futuro governo, com transparência e diálogo, reconstruir as pontes para a civilidade e o desenvolvimento econômico.
Não por acaso, a sociedade tem cobrado ações rápidas da próxima administração, seja na política, seja na economia. O Brasil precisa de horizonte depois de tanta incerteza. A pouco mais de um mês de o ano acabar, com uma Copa do Mundo no meio do caminho, é fundamental que se saiba em que direção o país caminhará pelos próximos quatro anos. Discursos sem consistência, promessas vazias, tentativas de desqualificar os críticos em nada contribuem para o debate qualificado que se espera. Muito pelo contrário. Só alimentam a desconfiança e o clima de tensão que nem o futebol espetacular apresentado pela Seleção Brasileira em sua estreia no Mundial do Catar foi capaz de diminuir.
Cobranças fazem parte do jogo democrático e devem ser vistas com naturalidade, inclusive as dos agentes financeiros, que anseiam por sinais contundentes do que será a política econômica até 2026 e quem a conduzirá. Os atropelos enfrentados pelo Brasil na última década deixaram marcas profundas na imagem do país. Espera-se fortemente que os erros não se repitam, para que, enfim, a população, sobretudo a mais vulnerável, possa saborear o que é o bem-estar social, artigo que tem se tornado escasso num mundo marcado por conflitos, radicalização, autoritarismo e inflação resistente.
A expectativa é de que, se fizer as escolhas corretas, o Brasil se torne um espelho para parte do globo. O resultado das últimas eleições foi visto por líderes mundiais como um importante freio em um movimento que relembra alguns dos piores momentos da história — o fascismo. Agora, é preciso que o país recupere o crescimento econômico sustentado, promova a ascensão social e reforce sua democracia. Há bilhões de dólares esperando os primeiros sinais positivos para que os fluxos de investimentos à maior nação sul-americana sejam retomados.
A contagem regressiva em relação ao Brasil já começou. Da mesma forma em que todos os olhos estarão voltados para as próximas partidas da Seleção no campeonato mundial, não haverá um só momento de descuido com o futuro governo. A torcida brasileira, que voltou a vestir o verde e amarelo com orgulho, sem conotações políticas, torce pela conquista da taça, mas também para que o país volte a sentir orgulho de suas escolhas. Nesse campo, não será o bom futebol o fator determinante e, sim, as decisões que serão tomadas pelos novos governantes.
Como alerta, fica a prévia da inflação de novembro, que subiu 0,53%, puxada pelos preços dos alimentos e dos combustíveis. Mais: dentro de duas semanas, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, fará sua última reunião do ano. Será um desastre se as desconfianças atuais resultarem em um novo aumento da taxa básica de juros (Selic), que está em elevadíssimos 13,75% ao ano. Ainda há tempo de virar esse placar.
Saiba Mais
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.