O futebol é mágico, um dos deuses mais poderosos criados pelo ser humano. Foi capaz de seduzir gerações, se transformou e se adaptou às tecnologias e às mudanças na sociedade. Venceu o tempo e os modismos. A Seleção Brasileira estreia hoje na Copa do Catar e, sim, é visível o brilho nos olhos de crianças, jovens, adultos e idosos à espera de uma vitória do time nacional. A mesma ansiedade que eu sentia no longínquo 1974, diante de uma TV em preto e branco, consigo perceber no meu filho mais novo, diante de uma moderna TV de led e com um celular na mão, conversando sei lá com quantos amigos ao mesmo tempo e trocando informações sobre um jogador do Canadá do qual eu jamais ouvi falar. É a paixão pela bola, por um jogo simples de entender, que mantém vivo e cada vez mais popular o interesse por esse esporte.
O mundo mudou e está superconectado. As informações correm com a velocidade de um raio. Cada gol é comentado instantaneamente. Erros e acertos são discutidos — e talvez resolvidos em segundos. Em 1966, ingleses e alemães discutiram se a bola entrou na final do Mundial. Até hoje não sabemos o que aconteceu. Isso é impensável hoje.
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Da mesma forma que a tecnologia nos permite interagir com um evento desta magnitude em tempo real nos gramados, nos estádios e nas ruas de Doha, nós somos informados de que nem tudo é felicidade numa Copa. Temos informações para debater sobre as graves denúncias de violações dos direitos humanos e da exploração de trabalhadores no Catar. Podemos criticar políticos e dirigentes que preferiram relevar esses fatos, mas também temos a chance de aplaudir jogadores que não se calam e protestam contra os absurdos. Está tudo aí, muito claro. A Copa transcende a circunferência da bola, e isso é espetacular.
Portanto, a minha primeira Copa, em 1974, na dividida Alemanha, é muito diferente da que eu vejo hoje com meu filho adolescente, do PlayStation Fifa 2022. Mas nossas gerações são apaixonadas pelo jogo. E você, leitor, vê essa paixão e este "novo velho mundo" nas páginas do Correio. E também no nosso site e nas redes sociais. Desde sábado, o repórter Marcos Paulo Lima, enviado especial, faz a cobertura do Catar, vale muito acompanhar. São lives, vídeos, textos e imagens que contam, sob a ótica de um experiente e talentoso profissional, nascido em Brasília, mostrando o universo da Copa mais inusitada e conectada de todas. O "fecho de ouro" desse material estará no jornal impresso, no dia seguinte, com o mesmo cuidado e rigor de uma competente equipe de retaguarda, com as décadas de tradição do Correio.
Há motivos para acreditar num título da Seleção. Longe do ufanismo, a equipe é muito boa, há jogadores em sua melhor fase e um técnico competente. Para ajudar, muitos rivais estão hesitantes. Isso é muito bom. Hoje é dia de reunir a família em casa, ir a bares e restaurantes com os amigos e torcer muito. Afinal, depois de pandemia, guerra e autoritarismos, o mundo precisa respirar. E o futebol pode nos dar esse alívio!
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