Toda a cautela é necessária à sociedade brasileira, especialmente às autoridades sanitárias e representantes dos três Poderes, neste momento em que o Brasil vem registrando aumento no número de casos de covid-19. Não se trata de algo restrito ao nosso território — o mesmo fenômeno está sendo visto em outros países da América do Sul e América Central. Também no Japão, Itália e nos Estados Unidos.
No Brasil, dados divulgados na sexta-feira pelo Ministério da Saúde apontam 28.452 novos casos nas 24 horas anteriores.
De acordo com o órgão, foram confirmadas 72 mortes por complicações associadas à doença no mesmo período, o que configura estabilidade no número de óbitos. Levantamento do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) concluiu que a taxa de exames positivos para a doença em laboratórios particulares passou de 3% para 17% em menos de um mês — uma elevação de 566%.
Essa alta é creditada à ação da variante Ômicron, cepa do SARS-CoV-2, coronavírus causador da doença, que tem alto poder de transmissibilidade, mas é menos letal que as versões anteriores do vírus. Uma de suas sublinhagens é a subvariante BQ.1, que já foi detectada em 49 países e é responsável por cerca de 15% das infecções pelo vírus em todo o mundo, segundo o banco de dados Gisaid. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) confirmou dois casos diagnosticados com a nova subvariante em Belo Horizonte.
Enquanto isso, administrações municipais avaliam a necessidade de retornar o uso da máscara de proteção. Algumas universidades já o fizeram, como USP e Unicamp. O alerta não é em vão. Existe uma tendência de alta tanto no curto prazo (últimas três semanas) quanto no longo (últimas seis semanas), segundo dados divulgados pela Fiocruz. Essa tendência é registrada em 12 estados: Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.
O início da vacinação do público de seis meses a dois anos de idade, com a dose pediátrica da Pfizer, foi uma boa novidade da última semana, mas a fase inicial destina-se somente a crianças com comorbidades, e nem todas as capitais foram contempladas integralmente. O Ministério da Saúde, portanto, precisa ser mais vigilante quanto à gestão dos imunizantes. A vacinação está patinando em diversas cidades, enquanto em outros municípios o calendário é mais ágil, algo injustificável. A cobertura vacinal não apresenta o mesmo vigor de campanhas anteriores, segmento que, como todos sabem, o Brasil já foi referência mundial.
De acordo com o Ministério da Saúde, 69 milhões de brasileiros ainda não buscaram a primeira dose de reforço. Outras 32 milhões de pessoas não tiveram a segunda dose adicional. É preciso mais investimento em ações e campanhas efetivas e agressivas de conscientização da população. A maioria dos pacientes internados por covid-19 está com atraso na imunização, segundo atestam os infectologistas. A vacina salva vidas, mas é preciso que ela chegue aos braços dos brasileiros. Estamos passando por um momento de alerta, mas não há motivos para pânico.
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