Sem um acordo entre as principais potências mundiais e os países em desenvolvimento, o encontro de cúpula das Nações Unidas para o Clima, a COP27, que se realiza em Sharm el-Sheikh, foi prorrogado até hoje. Esse impasse reflete o tamanho do fosso existente entre os países ricos e os países pobres também na questão ambiental.
O centro da polêmica é o acordo de "perdas e danos" para fornecer financiamento aos países em desenvolvimento que sofrem efeitos climáticos desastrosos. Essa é uma nova pauta, na qual nações como os Estados Unidos e a China terão um papel fundamental. Coube à União Europeia apresentar uma proposta para resolver o problema de financiamento do acordo, ao incluir os países emergentes que produzem altos níveis de gases do efeito estuda na base de doadores do fundo, entre os quais a China.
A posição anunciada pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, de que as nações desenvolvidas devem cumprir sua obrigação de fornecer financiamento aos países em desenvolvimento, e todos os países devem traduzir suas metas climáticas em "ações concretas", sinalizam sua incorporação ao acordo.
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O texto em discussão reafirma a meta de temperatura do Acordo de Paris, porém é preciso garantir que os recursos da US$ 100 bilhões anunciados pelos países ricos na COP26, em Paris, saiam do papel. Nesse contexto, o discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva foi um alento, porque reposiciona o Brasil na construção de uma nova ordem econômica na qual a questão ambiental terá centralidade.
Se hoje somos um país emissor de gases estufa, rapidamente poderemos voltar a ser um campeão da política de preservação das condições climáticas adequadas à vida no planeta. A chave é zerar o desmatamento. Para isso, a soberania sobre 60% da maior floresta tropical do mundo é nosso principal diferencial. Hoje, 44% de nossas emissões de gases de efeito estufa decorrem do desmatamento. Temos expertise em combatê-lo: entre 2004 e 2012, reduzimos o desmatamento na Amazônia em 84% e, consequentemente, suas emissões em 67%. Com Lula na Presidência, podemos fazê-lo novamente.
Há 38 milhões de brasileiros na Amazônia, cerca de 12% da população, em condições em geral precárias, que desejam e merecem uma vida mais próspera. Em parceria com outros países da região, entre os quais a França, podemos construir um projeto de desenvolvimento sustentável para a Amazônia. O presidente francês, Emmanuel Macron, expressou apoio à proposta do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, para organizar na Amazônia a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP, de 2025.
"A França é uma potência do Indo-Pacífico e uma potência amazônica. A maior fronteira externa da França e da Europa é a fronteira da nossa Guiana com o Brasil", afirmou Macron. A relação com a União Europeia é chave para que os países da região sejam parte da solução dos problemas e, ao mesmo tempo, grandes beneficiários das políticas em discussão na COP27.
Ao se reunir com lideranças de povos originários de todo o mundo na COP27, Lula anunciou a intenção de construir com os demais países da Amazônia uma proposta conjunta que, simultaneamente, preserve a soberania desses países sobre seus territórios e os incorpore à globalização em bases sustentáveis. Lula anunciou a intenção de realizar, em 2023, a Cúpula da Amazônia, reunindo todos os países que abrigam a maior floresta tropical do mundo: "Nós nunca nos reunimos para formular uma proposta conjunta para o mundo. E não se trata só de preservar. O que nós queremos saber, também, é quanto vão nos pagar para a gente cuidar do planeta Terra", disse o presidente eleito.
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