É verdade que as oportunidades de trabalho no Brasil têm melhorado nos últimos meses, passando de 14,8 milhões de desempregados, em abril de 2021, para os atuais 9,7 milhões de trabalhadores sem emprego. Mas também é fato que, com o aumento da expectativa de vida da população brasileira — 72,2 anos para homens e 79,3 anos para mulheres, segundo o IBGE —, outras facetas do setor produtivo têm se revelado.
A Pesquisa de Profissionais Brasileiros, recente estudo da Catho, empresa de tecnologia que conecta empresas e candidatos, mostra que 67,2% das mulheres acima dos 37 anos e 62,1% dos homens acima dos 40 estão desempregados atualmente. Frente a esse cenário, é importante focar as atenções para o etarismo no mercado de trabalho — termo que define a discriminação por idade dentro das empresas.
Hoje, no Brasil, idosos a partir de 60 anos já ultrapassam 30 milhões de pessoas e, quando ampliamos o número para grupos que estão na "envelhescência", ou seja, no processo de envelhecimento, esse patamar chega a 25% de toda a população brasileira com mais de 50 anos de idade. A estimativa é de que em 2030, segundo dados do Ministério da Saúde, o número de idosos ultrapasse o total de crianças entre 0 e 14 anos no Brasil, que terá a quinta população mais idosa do mundo. E, em 2060, seremos mais velhos que jovens.
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O levantamento citado acima, realizado com profissionais de todo o país, mostra ainda que, entre os setores que mais contratam profissionais nesta faixa etária, mulheres recebem mais oportunidades nas áreas de administração (31,5%), enfermagem (16,3%) e ciências contábeis (8,7%). Já homens têm mais chances em vagas de administração (30,5%), ciências contábeis (10,4%) e engenharia mecânica (7,9%).
É importante destacar que especialistas em recursos humanos cada vez mais reforçam termos como "economia prateada" (uma referência aos cabelos brancos), 60 , "os cabeças brancas" e inclusão etária, entre outros. Essa população tem por característica uma combinação de experiência e maturidade para lidar tanto com as questões pessoais quanto profissionais.
Mas é preciso que as empresas estimulem o debate sobre os desafios enfrentados pelos trabalhadores nessa faixa etária, já que mais e mais teremos pessoas maduras. No Brasil, segundo relatório do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mais de 700 mil profissionais com mais de 50 anos perderam seus empregos durante a pandemia.
Apesar disso, cerca de 60% das empresas participantes de um estudo realizado pela Maturi, especializada no mercado 50 , em parceria com a consultoria EY Brasil — foram entrevistados 191 funcionários de 13 setores — se manifestaram quanto à dificuldade em contratar pessoas nessa faixa etária. E pior: o discurso do mercado sobre a importância do tema não condiz com a prática.
Em meio a essa transformação, a sociedade terá que lidar com adaptações culturais, inclusivas e digitais para que essa movimentação gere resultados — nas empresas, governos, instituições educacionais, na oferta de serviços e produtos.
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