OPINIÃO

Visto, lido e ouvido: 'Um quadro dantesco'

Brasília, idealizada para ser a moderna capital dos brasileiros, apresenta aos que chegam de avião a mesma e triste imagem da expansão das favelas sobre a cidade, repetindo o mesmo fenômeno presente em todas as metrópoles brasileiras e muitas pelo mundo. Com isso, é possível constatar que a totalidade das cidades de nosso país vistas do ar, pouco se diferem da imagem cruel que mostra a realidade em Angola, por exemplo. Vistos de cima, somos o que somos e nenhum índice oficial, por mais engenhoso que seja, é capaz de camuflar o que os olhos veem.

Esse é um problema endêmico da pobreza no Brasil, suas causas e consequências, bem como as estratégias capazes de livrar nosso país dessa chaga social e econômica, quaisquer que sejam as fórmulas que venham a ser adotadas para tirar boa parte da nossa população dessa condição, terão que principiar pelo rompimento do círculo fechado em que esse fenômeno se insere.

Um país ou região é pobre porque há falta de capital, falta capital porque há baixa capacidade de poupança ou acumulação de riqueza, há baixa capacidade de poupança porque há baixa renda, há baixa renda porque há baixa produtividade e há baixa produtividade porque há falta de capital. Obviamente que dentro desse círculo vicioso há outros sub fatores que induzem o fenômeno da pobreza, fazendo com que esse rompimento seja ainda mais complicado.

Também endêmica pela corrupção, a falta de investimento em educação, a concentração acentuada de renda em mãos de poucos brasileiros, é o que faz de nosso país um dos campeões mundiais da desigualdade.

Uma imagem acessível na internet, de forma didática e bem resumida, mostra o que é a pobreza, a corrupção e a concentração absurda de renda em um só enquadramento. As lentes apontam para uma tomada aérea da super mansão do ditador José Eduardo dos Santos, falecido em julho deste ano. Era o segundo homem mais rico de Angola, esteve no poder por 40 anos. Além da mansão, ocupando vasta área verde com diversas instalações, uma infinidade de barracos e outras construções, formando um conjunto extenso de favelas precaríssimas que cercam os quatro lados dessa nababesca construção.

Também em nosso país a concentração acentuada de renda entra no cálculo da pobreza, piorando de forma desumana esses índices. Quem chega de avião à maioria das grandes capitais brasileiras também pode ter essa visão do imenso desnível social e econômico experimentado por nossa gente.

O Rio de Janeiro, que por muitos anos foi a capital do país e a mais rica de todas as unidades da federação, apresenta ao visitante que chega pelo ar um panorama claro de uma cidade que vai, aos poucos, sendo engolida pela expansão das favelas, pelo aumento da desigualdade, pela concentração de renda.

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