EDITORIAL

Visão do Correio: O futuro do trabalho

O futuro do trabalho no Brasil tem tirado o sono de diretores de empresas e gestores de recursos humanos, gerentes, CEOs e líderes de negócios. O modelo work from anywhere (trabalho de qualquer lugar) invadiu as relações de trabalho desde que as pessoas perceberam, especialmente durante a pandemia, que seria possível produzir não importando o local.

O estudo Dicotomias no Futuro do Trabalho: entenda como os gestores podem tomar decisões sobre os modelos a adotar em meio a tantas incertezas, realizado pelo think tank Amanhã do Futuro do Trabalho (AFTr), traz aspectos que demonstram as principais transformações no mundo do trabalho para os próximos anos. Vale destacar que think tanks são instituições ou grupos de especialistas com a missão de refletir sobre assuntos de grande relevância que podem servir de embasamento para a criação de políticas públicas.

Um escopo de 508 profissionais de empresas brasileiras apresentaram 33 mudanças que vêm sendo apontadas por estudiosos como prováveis parâmetros para o futuro do trabalho. As transformações foram divididas em quatro grupos: Força do Trabalho, Natureza do Trabalho, Educação para o Trabalho e Execução do Trabalho.

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O objetivo da pesquisa é entender quais mudanças são consenso, quais geram discordância e quais ainda são apenas expectativas. É interessante observar que houve uma série de divergências, mesmo entre executivos de uma mesma organização, o que demonstra a necessidade de um olhar mais aprofundado no que se refere ao alinhamento interno entre os setores das empresas e, a partir dessa padronização, a garantia de que as decisões de alocação de recursos tenham o máximo impacto nos resultados de negócios.

Entre os principais pontos levantados considerados convergentes, é possível afirmar que: habilidades como inovação e criatividade serão altamente valorizadas e, consequentemente, bem remuneradas; as inovações tecnológicas vão exigir uma requalificação permanente da força de trabalho; contratos temporários e flexíveis serão cada vez mais comuns em detrimento de relações de trabalho contratuais consideradas rígidas.

Além disso, o work from anywhere será importante fator para que os candidatos a vagas aceitem uma proposta de trabalho — o que pode ser confirmado por outro estudo feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgado na última segunda-feira (17), que mostrou que, além do salário e da possibilidade de crescer na carreira, a flexibilidade também passou a ser uma das prioridades das pessoas que procuram por emprego atualmente.

Terão sucesso, conclui o estudo, os líderes e suas equipes que não somente se anteciparem em implementar mudanças consideradas como certas, como também aqueles que compartilharem informações, promovendo entre os pares discussões entre o que é convergente, divergente e as propostas que ainda estão em aberto.

Debates sobre o futuro do trabalho são mais que relevantes, especialmente em uma sociedade capitalista, volátil e altamente tecnológica. Cabe aos gestores públicos se debruçar sobre as conclusões e propostas do laboratório de ideias e implementar ações que levem a melhorias nas relações entre empresa e trabalhador.