A 36 dias do início da Copa do Mundo, quatro astros de países candidatíssimos ao título estão mais pressionados por dilemas pessoais do que pela responsabilidade de levar seleções de ponta à glória no Catar, de 20 de novembro a 18 de dezembro. Neymar, Messi, Mbappé e Cristiano Ronaldo têm questões pendentes a resolver antes, durante e depois do torneio. Isso pode, sim, atrapalhá-los no Oriente Médio.
Prestes a ostentar a camisa 10 do Brasil na Copa pela terceira edição consecutiva, Neymar acumula início de temporada irrepreensível no Paris Saint-Germain. São 11 gols e nove assistências. Em contrapartida, lida com o constrangimento do tapetão. Começa nesta segunda-feira, na Espanha, o julgamento sobre a acusação de esfera penal de "Corrupção entre Particulares" movida pelas empresas DIS e Federação das Associações de Atletas Profissionais (FAAP) contra o atacante Neymar, os pais dele, a NN Consultoria, além do Santos e do Barcelona. A novela é a polêmica transferência do terceiro melhor do mundo em 2015 para o clube catalão, em julho de 2013.
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No campo jurídico, a promotoria pede dois anos de prisão ao brasileiro. Essa hipótese é considerada improvável por advogados especializados contratados pelo jogador. Cobra também o pagamento de multa de 10 milhões de euros. Neymar nega as acusações. No entanto, a derrota em um recurso na Suprema Corte da Espanha, em 2017, abriu caminho para que o julgamento acontecesse na Espanha.
Companheiro de Neymar no PSG, Kylian Mbappé vive momento instável extracampo. Com 12 gols na temporada, o francês estaria insatisfeito no clube parisiense e disposto a deixá-lo na janela de transferências de janeiro. Vaidoso e mimado, não tolera dividir o palco ao lado de Neymar e Messi. Costurou as saídas do brasileiro e do argentino do time e se sente traído. Admite o desconforto com a permanência dos "parças".
Por falar em Lionel Messi, o jogador eleito sete vezes melhor do mundo parece deslocado. Sem ambiente no PSG. Há rumores sobre o possível retorno ao Barcelona. Como se não bastasse o clima pesado no vestiário, a estrela teme que a recém-curada lesão muscular na panturrilha o tire da Copa. Há uma onda de contusões na Argentina. As situações do atacante Dybala e do meia Di María assustam Messi — autor de oito gols e oito assistências na temporada.
Eleito cinco vezes número 1 do mundo, Cristiano Ronaldo está aonde não queria. Tentou deixar o Manchester United. Não conseguiu. Fora da Champions League, disputa a Europa League com desdém. Acumula míseros dois gols na temporada às vésperas da Copa. Portugal que lute!
Em tempos de futebol coletivo, a Copa adverte: a escravidão do talento — e do humor — de Neymar, Mbappé, Messi e Cristiano Ronaldo no Catar pode ser prejudicial ao sonho do título. Portanto, quem se exibir como time tem tudo para ser campeão.