Dia das Crianças

Artigo: Renovando a esperança na criança

JÚLIA PASSARINHO - Diretora geral do Indi

Hoje é dia de alegria, o Dia das Crianças, um dia especial. As famílias se preparam para promover passeios e brincadeiras que tornem este dia inesquecível para os filhos. Eles ficam ansiosos, desejosos de presentes, negociados ou não com as famílias, mas sempre aguardados com expectativas. Sem dúvida é uma oportunidade para as famílias curtirem momentos prazerosos.

Porém, exatamente esta data nos convoca a olhar para a infância, esse período tão importante para o ser humano, e refletir como ela está sendo cuidada por todos nós, pais e educadores. Nunca vivemos, como nesses últimos anos, prolongados isolamentos, questões emocionais acirradas e dificuldades afloradas, profunda falta dos convívios sociais, grandes dores, perdas de entes queridos, alguns sem possibilidade de despedidas que nos permitissem vivenciar nossos lutos. Além do uso excessivo de recursos tecnológicos "distraindo", ocupando as crianças para que as famílias possam dar conta dos afazeres profissionais e caseiros.

A retomada da convivência social presencial nas escolas evidenciou número alarmante de crianças com comportamentos exacerbados na busca dos contatos físicos. Outros com receios de aproximações mesmo com o uso das máscaras, com posturas individualistas nas trocas entre eles apesar da busca dos contatos olho no olho. A necessidade de atenção exclusiva desencadeando atitudes desrespeitosas tanto entre eles quanto com os adultos. Uma urgência de atendimento imediato dos seus interesses.

Saiba Mais

Ansiedades e tensões tanto no trato e convivência social quanto nos processos individuais de desenvolvimento. Foi preciso redefinir e descobrir novas regras de conviver. Vários profissionais de saúde, pediatras, psicólogos e psiquiatras relatam o aumento significativo das buscas de orientações e tratamentos para os filhos. É claro que entre as famílias que adoeceram também há as que se fortaleceram, renovando e afirmando seus valores, garantindo as relações parentais enriquecidas e harmoniosas.

As crianças possuem uma capacidade fantástica de adaptação. Então, pais, ponham seus filhos no colo e garantam-lhes a proteção, a escuta atenta e as ações que fortaleçam a sanidade necessária para que possam se reestruturar e se reorganizar nas suas capacidades humanas. Vocês muito podem fazer para minorar os efeitos danosos ao futuro das nossas crianças. Atentem-se para si, reconheçam as dificuldades e eduquem seus filhos com limites claramente definidos para que possam suportar as frustrações necessárias que a vida lhes apresentar.

Ajudem-nos a definir e compreender seus sentimentos primários para poderem controlá-los e serem tolerantes com os sentimentos próprios e os dos outros. Ensinem-nos a lidar com os conflitos empaticamente para respeitarem o sofrimento alheio. Orientem-nos a perder e a ganhar como fases de um processo de conquista. Que os erros são subsídios para os acertos. Nas relações humanas, um erro não deve justificar outro. Ensinem-nos a incluir os outros nos seus projetos sociais para realizarem seus sonhos, sonhos não se realizam solitariamente.

Ajudem-nos a aceitar as diferenças humanas para que possam construir relações sociais mais saudáveis. Afinal, a inteligência emocional também se educa. Quando os pais assumem seus lugares, obrigações e responsabilidades e formam os filhos com valores éticos, morais e sociais, favorecem que eles se desenvolvam emocional e socialmente mais equilibrados, aproveitando as oportunidades que a vida lhes apresenta, construindo uma sociedade mais humanizada e mais justa.

Vamos renovar a esperança nas crianças ao encontrarmos nelas a alegria espontânea, a curiosidade natural, a criatividade frente aos desafios e suas brincadeiras, a capacidade de se encantarem nas descobertas da natureza e de reinventarem o mundo.

Feliz Dia das Crianças.