Hoje é feriado nacional, em homenagem a Nossa Senhora Aparecida. Mas é também Dia das Crianças. Nesta primeira celebração sem restrições impostas pela pandemia da covid-19, o momento é propício para refletirmos sobre a relação entre os pequenos e a natureza. Não é novidade que a pandemia acabou por agravar essa relação, que já é deficitária, especialmente nos grandes centros urbanos. É triste ver crianças e adolescentes confinados em seus apartamentos e casas, sem nenhum contato com seus pares ou com o "verde" dos parques, clubes e áreas de lazer.
A pesquisa "O papel da natureza para a saúde das crianças no pós-pandemia", divulgada recentemente, mostra como a falta de contato com espaços ao ar livre afetou a criançada e sugere, ainda, maneiras de retomar esse vínculo, a fim de ajudá-las a se recuperarem dos danos causados pela pandemia.
Idealizada pelo programa Criança e Natureza, em parceria com a Fundação Bernard Van Leer e o WWF-Brasil, o estudo foi realizado pela Rede Conhecimento Social, utilizando duas abordagens metodológicas: uma quantitativa, via questionário, com mil pessoas (pais, mães ou cuidadores e crianças de até 12 anos). E outra qualitativa, que contou com a participação de 10 famílias.
O estudo traz dados relevantes. Cerca de 71% das crianças tinham a oportunidade de brincar ao ar livre até uma vez por semana. Durante a pandemia, esse número caiu consideravelmente, para 45%. As famílias identificaram que o isolamento e a falta de contato com a natureza levaram a um conjunto de efeitos negativos: 24% delas disseram que houve aumento de problemas físicos, como obesidade e falta de vitaminas, por exemplo, e 60% declararam que aumentou o uso de equipamentos eletrônicos pelas crianças.
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As famílias sentiram a falta que o contato com a natureza fez e perceberam os benefícios que essa proximidade trouxe para as crianças quando foi possível propiciar isso a elas: 81% relataram que o contato com a natureza permitiu que as crianças passassem pela pandemia com mais saúde e bem-estar; 93% disseram que os pequenos ficam mais felizes e ativos física e mentalmente quando estão ao ar livre; 88% notaram que as crianças dormem mais e melhor quando brincam ao ar livre e 85% disseram que as crianças ficam menos estressadas e ansiosas.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) inclusive divulgou um alerta que corrobora a pesquisa. Em "O papel da natureza na recuperação da saúde e bem-estar das crianças e adolescentes durante e após a pandemia de covid-19", a entidade destaca que oferecer mais natureza às crianças pode servir como estratégia para a redução dos danos causados pela pandemia. O documento traz recomendações tanto para as famílias quanto para os pediatras.
Aproximar as crianças da natureza, com atividades ao ar livre e, de preferência, na companhia de familiares e amigos, é um exercício diário e sistêmico dos responsáveis. Essa foi uma das boas experiências que a pandemia trouxe: a importância da conservação da natureza e sua importância para a qualidade de vida. Que hoje o Dia das Crianças seja feliz… e com muito verde.