Assim como os baixos índices de vacinação — vide o prolongamento das campanhas de multivacinação e da poliomielite em diversos estados do país —, os números de mamografias realizadas nos últimos anos estão bem abaixo dos níveis ideais. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostram que o número de procedimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no país despencou durante a pandemia: passou de 2.527.833 exames, em 2019, para 1.473.277, em 2020 — índice que corresponde a uma queda de aproximadamente 42%. Em 2021, aumentou a procura de interessadas em fazer o exame (2.054.881 mulheres), mas ainda é um número muito distante do patamar pré-pandemia.
A visão das mulheres com relação ao exame também contribui para esses baixos índices de adesão às mamografias. A pesquisa "Câncer de mama hoje: como o Brasil enxerga a paciente e sua doença?" feita pelo Ipec com 1.397 mulheres, a pedido da Pfizer, destaca a importância do autoexame.
No entanto, 64% das mulheres que participaram do levantamento dizem acreditar que o procedimento, no caso o autoexame, seria o principal meio para o diagnóstico do câncer de mama no estágio inicial. Foram entrevistadas internautas de São Paulo (capital) e das regiões metropolitanas de Belém, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e Distrito Federal, com 20 anos ou mais de idade. A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) explica que o autoexame é indicado como autoconhecimento em relação ao próprio corpo, mas não deve substituir os exames realizados ou prescritos pelo médico, uma vez que muitas lesões, ainda pequenas, não são palpáveis.
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Dados de pesquisas internacionais alertam para o risco de óbitos a cada período de atraso para o início do tratamento. Um estudo publicado no The British Medical Journal (2020) aponta que o risco de morrer aumenta 13% a cada semana de atraso do início do tratamento e um outro levantamento feito pelo Hospital Erasto Gaertner, de Curitiba (PR), mostra que os casos da doença aumentaram em 30% no estado, nos anos de 2021 e 2022. Ainda revela que os tumores têm chegado para tratamento em estágios mais avançados, principalmente de pacientes que têm câncer de mama ou de intestino.
Em Minas Gerais, a situação é similar. A procura por mamografia preventiva, em 2021, ficou bem abaixo do esperado. Apenas 24% das mulheres atendidas pelo SUS no estado e que fazem parte do público-alvo das ações de combate ao câncer de mama realizaram mamografia de rastreamento no ano passado; percentual muito aquém dos 70% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A meta era que 906.329 mulheres de 50 a 69 anos, atendidas exclusivamente pela rede pública estadual, fizessem o exame preventivo no ano passado. Mas, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), o número de testes para essa faixa etária não ultrapassou 221.687.
Infelizmente, muitas vezes, os especialistas são repetitivos, mas é sempre importante ressaltar que a recomendação da SBM é fazer a mamografia de rastreamento anual a partir de 40 anos, no caso de mulheres de risco habitual, e a partir dos 30 anos para mulheres de alto risco. Aquelas que apresentam qualquer tipo de sintoma devem procurar auxílio médico o mais rápido possível, inclusive as mais jovens. No tradicional Outubro Rosa, fica o apelo para o autocuidado e a necessidade de campanhas de conscientização.