O Brasil vai às urnas neste domingo, na maior festa da democracia. Desde que o país conseguiu se livrar da nefasta ditadura militar instalada em 1964, os dias de votação se tornaram motivo de orgulho para os brasileiros. O direito de escolher seus representantes nos governos e nos legislativos passou a ser uma conquista da qual ninguém cogita abrir mão. Portanto, independentemente das posições políticas de cada um, que o respeito ao contraditório prevaleça entre os mais de 156 milhões de votantes cadastrados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Não há porque transformar a celebração cívica, o exercício da cidadania, em um ato de violência. É inconcebível que, em uma democracia como a brasileira, que passou por tantos testes, os eleitores tenham medo de sair de casa vestindo cores de seus candidatos. A liberdade de escolha é um preceito constitucional. Qualquer tentativa de cerceamento, de intimidação, deve ser repelida com veemência pelas autoridades. Aqueles que não conseguem conviver com diferentes posições devem ser submetidos ao rigor da lei caso extrapolem a linha do bom-senso e da convivência pacífica.
O futuro do Brasil não pode estar atrelado ao desejo de uns e de outros, mas, sim, da maioria. É ela que dará autoridade para que os eleitos no processo democrático possam enfrentar os desafios que estão colocados. O país retornou ao mapa da fome. A inflação massacra a renda das famílias. O desemprego ainda atormenta 10 milhões de pessoas e quase 30 milhões não ganham o suficiente para viver com dignidade. A educação se deteriorou de uma tal forma, que quase metade dos alunos do ensino fundamental não sabe interpretar textos e fazer contas básicas de matemática. O acesso à saúde pública permanece restrito.
O Brasil não cresce de forma sustentada há uma década. A variação média do Produto Interno Bruto (PIB) nesse período foi de apenas 0,3% ao ano. Não há como se falar em inclusão social sem um avanço contínuo da economia. Programas de renda são importantes para reduzir o enorme passivo que o país tem com sua legião de miseráveis, porém, é o crescimento da produção e do consumo o único caminho para reduzir o enorme fosso que separa ricos e pobres. A receita inclui credibilidade e previsibilidade, não um tensionamento constante que alimenta as incertezas e afasta os investimentos produtivos.
Com tanto por fazer, o voto consciente, responsável, com respeito às regras democráticas, é fundamental. O Brasil é maior do que qualquer governante ou legislador de plantão, que chega ao poder por meio da vontade popular, e cabe a ela decidir se o mantém, ao lhe conferir um novo mandato, ou se o pune ao conceder a vitória ao oponente. Essa regra, reforce-se, vale para o presidente da República, para governadores, deputados e senadores. Aqueles que não concordarem com as letras da Constituição, que se retirem do jogo.
Depois de tanta radicalização e de atos e bravatas que estimularam o ódio e o rancor, que em nada contribuíram para o debate, o domingo de eleições deve ser de redenção para um Brasil vibrante, miscigenado, cheio de oportunidades, de esperança. As próximas gerações precisam que as escolhas de agora lhes permitam viver em um país mais justo, inclusivo, diverso. Isso passa pelo fortalecimento da democracia, que tem as suas imperfeições, mas todas as vezes que se tentou afrontá-la, os resultados foram terríveis. A hora é de dizer sim à paz, e um sonoro não à violência.
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