Eleições 2022

Artigo: Vamos tocar em frente

Rosane Garcia
postado em 31/10/2022 06:00
 (crédito: Antonio Augusto/Ascom/TSE)
(crédito: Antonio Augusto/Ascom/TSE)

Ufa! Chegou ao fim a mais irascível campanha eleitoral desde a redemocratização do país. Prevaleceu a vontade da maioria. Mas isso não significa que o candidato à reeleição e seus apoiadores tenham sido derrotados. Todos nós somos brasileiros e, cada um a seu modo, deseja um Brasil própero e sem iniquidades. A grande e a real vitória foi da democracia.

Entre todos os regimes de governo, ela é a mais saudável e, como tudo neste planeta, pode evoluir e se tornar melhor. Ela contempla humanidade e acolhe sugestões e correções. É o regime do bom senso, em meio a divergências e contradições, que leva ao consenso, sem violência e com muito respeito entre todos.

Essa conquista se deve àqueles que, no passado, fizeram e escreveram a história deste país — muitos com o próprio sangue — para que, neste 31 de outubro, pudéssemos expressar gratidão e honrá-los. Mais uma vez, revivemos a emoção da retomada da democratização do país.

A expectativa é de retorno do diálogo entre o Estado e a sociedade. Na democracia, a tomada de decisões não é prerrogativa exclusiva de quem está no poder. Ações, iniciativas e projetos devem refletir o desejo de cada segmento da sociedade, levando em conta as diferenças, peculiaridades, anseios e, até mesmo, os sonhos. Sim, os sonhos, que são parte da nossa vida e nos diferenciam dos irracionais. Realizá-los é conquistar vitórias que melhoraram a nossa autoestima como cidadãos de um país, onde o governo tem um olhar compreensivo e generoso em relação ao seu povo.

Lamento que nosso país esteja tão dividido. Os resultados das urnas deixaram isso muito claro. Mas acredito que é possíve reconstruir um ambiente mais pacificado. Por meio de uma revisão do nosso sistema educacional, podemos romper as muralhas da intolerância por raça, cor, etnia, religião e quaisquer outros motivos que levam à violência desmedida e a atitudes incomplacentes entre humanos. Todos, com suas características, merecem respeito, ainda que não comunguem do mesmo ideal ou pensamento. A diversidade não é peculiaridade nem característica exclusiva do Brasil. Ela está em todo o planeta e precisa ser entendida como algo positivo na composição da cultura, das tradições e dos valores civilizatórios de uma sociedade. A partir de hoje, é fundamental dar um basta às divergências, aos conflitos e, sobretudo, ao ódio.

Devemos nos comportar como um povo que deseja o melhor para todos. Além da reconstrução da harmonia neste país, acredito que poderíamos considerar a recomendação poética do violeiro, compositor, ator e cantor Almir Sater, na canção Tocando em frente e, para isso, seguir a receita do verso "É preciso amor/Pra poder pulsar/ É preciso paz pra poder sorrir/ É preciso a chuva para florir".

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