Amanhã, os brasileiros escolherão o futuro presidente da República. Não é uma decisão fácil. A sociedade está dividida e convulsionada em meio a um cenário repleto de contradições e inverdades. Ao mesmo tempo, a maioria dos brasileiros necessita de políticas públicas que eliminem as muitas iniquidades e violências que permeiam o cotidiano do país. A escolha dos brasileiros decidirá qual é o Brasil que desejamos para os próximos quatro anos.
O país passou por diversas experiências. A redemocratização, iniciada em 1985, devolveu aos cidadãos liberdades tolhidas por um regime de exceção. Foram 31 anos de sofrimentos e dores que deixaram cicatrizes profundas. Convicções ideológicas e compreensão diversificada da conjuntura exigem de todos uma profunda reflexão sobre em quem votar. É preciso avaliar a realidade vivenciada nos últimos anos, levando em consideração as questões sociais, econômicas, a qualidade de vida, os avanços, os retrocessos e as perspectivas de futuro.
As desigualdades socioeconômicas e regionais nos mostram os diferentes Brasis, que rompem com a unidade da nação. A riqueza nacional está aprisionada por uma minoria, que forma um Brasil pleno de conforto, acesso à educação, a serviços de saúde de excelência e garantia de elevada qualidade de vida.
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O outro Brasil, com maior densidade populacional, vive na pobreza, sente as dores da fome, da miséria, da ausência de programas sociais. Enfrentam filas intermináveis nas unidades de saúde, que levam muitos a sucumbir diante da morte, pelo atraso no atendimento salvador.
Trabalhadores com remuneração injusta são excluídos dos resultados dos próprios esforços para alimentar os cofres públicos. A pobreza, a fome, a miséria afetam a maioria dos cidadãos. Crianças e jovens não desfrutam de uma educação com qualidade. Frequentam escolas sem infraestrutura adequada para o seu crescimento e desenvolvimento cognitivo. Como os adultos, jovens são apartados dos avanços que lhes dariam condições de competitividade na disputa pacífica por colocação digna no mercado de trabalho.
Os preconceitos sociais e raciais também compõem um Brasil desrespeitoso com a pluralidade do tecido demográfico do país, cujo paradigma eurocentrista — , superados pelos avanços dos valores civilizatórios — ignora a contribuição das diferentes matrizes étnico-raciais aos avanços conquistados ao longo da história. Eis que índígenas e negros são vistos pelo olhar da discriminação, como se a origem e a cor da pele os tornassem não humanos.
Não à toa, crianças, mulheres, jovens negros são a maioria das vítimas de violência por arma de fogo e da brutalidade sexual. Os povos originários são alvos dos invasores de seus territórios. Grupos predatórios trucidam as populações mais frágeis, convictos de que estão blindados pelo manto da impunidade. Suas ações, eventualmente, são repelidas pelas forças de segurança do Estado.
O Brasil se impõe no cenário internacional como um dos maiores produtores de alimentos, mas também é o país onde a fome se alastra. A subnutrição compromete recém-nascidos e os que estão na primeira infância. Hoje, mais de 33 milhões vivem famintos e quase 100 milhões sobrevivem na insegurança alimentar. Uma realidade repugnável em um país que produz e exporta milhões de toneladas e se mostra capaz de prover comida para mais de 1 bilhão de pessoas.
Votar é fazer escolha com responsabilidade e sem ódio. O eleito para presidir o país — Luiz Inácio Lula da Silva ou Jair Messias Bolsonaro — deve considerar que a realidade brasileira impõe uma profunda revisão das políticas públicas para que o Brasil seja um só país democrático, sem iniquidades, mas pleno de justiça social, econômica, paz e avanços na qualidade de vida para todos.
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