Jornadas não lineares, demissão silenciosa, horários flexíveis e a sobreposição entre vida pessoal e vida profissional. Vivemos um turbilhão de novas relações no trabalho, ainda meio sem saber se o saldo é positivo, negativo ou nenhum dos dois.
Se antigamente a maioria dos trabalhadores estava habituada ao tradicional "eu pego das 8h às 17h" ou "das 9h às 18h", com uma ou duas horas de almoço, carteira assinada, batida de ponto e trabalho in loco, há um par de anos, esse quadro mudou em decorrência da COVID-19 e, por que não dizer, está mudando novamente, com a retração dos casos e mortes pela doença.
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O trabalho híbrido, que envolve jornadas remotas e presenciais, combinadas, invadiu as grandes empresas brasileiras, dando espaço para uma reorganização das funções e de como executá-las. Essa transformação também gerou novos padrões de trabalho, a exemplo das jornadas não lineares e o trabalho assíncrono.
Entre as regras dessa nova modalidade laboral, os trabalhadores podem cumprir suas tarefas independentemente do horário dito "comercial", geralmente atendendo à própria rotina, e não mais seguindo as rígidas horas do relógio.
Com isso, é bem verdade que, para o trabalhador, a jornada tornou-se mais flexível e, assim, ele pode se organizar melhor, dividir o dia de acordo com afazeres, níveis de dificuldade das tarefas, família, lazer etc., mas isso se ele realmente for disciplinado para atender às demandas do serviço.
Outro movimento que na pandemia ficou mais evidenciado e não necessariamente em decorrência do coronavírus foi a demissão silenciosa ou, em inglês, "quiet quitting", termo que remete a uma onda contrária ao modelo tradicional de trabalho, que ganha força a partir da geração Z (pessoas nascidas, em média, entre a segunda metade dos anos 1990 até o início do ano 2010).
Na demissão silenciosa, seus adeptos são trabalhadores que apenas cumprem suas funções, na maioria das vezes, de forma passiva, ou seja, fazem o mínimo necessário e "batem ponto" ao final do expediente. Horas extras, nem pensar, assim como galgar uma melhor posição na empresa ou criar um vínculo mais próximo com a organização não passam pela cabeça.
De acordo com os especialistas em mercado de trabalho, esses jovens priorizam o bem-estar, enxergando o trabalho apenas como um meio para um fim maior. No TikTok, por exemplo, quando o tema surgiu, foram quase 140 milhões de visualizações com a hashtag #quietquitting, o que comprova um estudo que revela que, entre janeiro e maio deste ano, o número de profissionais que abandonaram seus empregos por conta própria aumentou 33,4% no Brasil desde o início da pandemia.
Fato é que, com a ampliação dos modelos de trabalho, as organizações também têm tentado valorizar seus colaboradores. Nenhum gestor, ao desempenhar suas atividades, quer perder sua força de trabalho. Identificar-se com o ambiente profissional, criando laços, aprendendo a crescer junto ainda são e serão grandes desafios para os próximos anos.
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