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Artigo: Coração de estudante

Irlam Rocha Lima
postado em 25/10/2022 06:00
 (crédito:  Marcos Hermes/Divulgação)
(crédito: Marcos Hermes/Divulgação)

Em 1983, a ditadura militar vivia seus estertores, quando as rádios passaram a tocar Coração de estudante, de Milton Nascimento e Wagner Tiso. Dois anos depois, a composição se transformaria no hino da redemocratização, ao embalar as manifestações do movimento das Diretas Já!.

A canção trazia uma mensagem de esperança e a expectativa dos brasileiros voltarem a viver novos tempos. Um dos versos da letra diz: "Mas renova-se a esperança/ Nova aurora a cada dia/ E há de se cuidar do broto/ Pra que a vida nos dê flor e fruto...."

No emocionante show, que Bituca — como o cantor e compositor é chamado pelos amigos — apresentou, em Brasília, no Ginásio Nilson Nelson, em 16 de setembro último, ele interpretou Coração de estudante e foi acompanhado em coro pela plateia de quase 10 mil pessoas. Ao final, soltou o brado: "Viva a democracia!".

Os 80 anos desse gigante da música popular brasileira serão celebrados amanhã (data do aniversário) com o especial Uma Travessia — 50 Anos de Carreira, que o Canal Brasil transmitirá, às 22h. O espetáculo foi gravado no Vivo Rio, em novembro de 2012, tendo Lô Borges e Wagner Tiso, companheiros do Clube da Esquina, como convidados.

No repertório, estão reunidas mais de 20 músicas imortalizadas na voz do cantor. Aliás, Elis Regina dizia: "Se Deus tivesse voz, seria a de Milton Nascimento". Da lista fazem parte, entre outras, Cais, Canção da América, Maria Maria, Nos bailes da vida, Travessia e, claro, Coração de estudante — tão necessária de ser ouvida neste momento — que no final diz: "Alegria e muito sonho/ Espalhados no caminho/ Verde plantas e sentimento/ Folhas, coração, juventude e fé".

Travessia, que dá título ao especial, é nome da música com a qual, em 1967, Milton se classificou em segundo lugar no Festival Internacional da Canção, promovido pela TV Globo, vencido por Gutemberg Guarabira com Margarida. Travessia, que trazia uma miscelânia de sons, foi considerada pela crítica uma composição original e inovadora, que fugia dos padrões da bossa nova e do samba — estilos que predominavam na época.

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