Opinião

Artigo: Nosso orgulho na aviação

Correio Braziliense
postado em 09/10/2022 06:00
 (crédito: Caio Gomez)
(crédito: Caio Gomez)

Por Sacha Calmon — Advogado

Stella Fontes e Felipe Laurence, de São Paulo, ventilam um assunto importante. A Apollo Global Management, uma das maiores firmas de investimento do mundo, reservou até US$ 1,5 bilhão para financiar clientes interessados na compra de jatos regionais da Embraer, em um movimento que tende a fortalecer a carteira de pedidos da companhia brasileira.

Sob o novo programa, foi firmado um primeiro acordo de venda e arrendamento, de seis jatos E195-E2 para a Porter Airlines, com entregas programadas para 2023 e financiamento na modalidade de pagamentos progressivos (PDP, na sigla em inglês). As notícias foram bem recebidas pelos investidores e as ações da Embraer encerraram com ganho de 3,6%, para R$ 13,61 cada na B3. No ano, contudo, os papéis acumulam baixa de 45%, apagando uma parte da alta de quase 200% vista em 2021, a maior do Ibovespa.

Conforme a Embraer, mediante o acordo com fundos da Apollo, serão oferecidas alternativas de financiamento sob medida, além de opções de arrendamento. O programa também inclui opções para explorar financiamentos para projetos dos clientes focados em sustentabilidade. "Atuando em estreita colaboração com a Embraer, a Apollo criou uma gama de opções de financiamento eficientes e econômicas que oferece aos nossos clientes as soluções flexíveis de que precisam", disse em nota o diretor financeiro da companhia brasileira, Antônio Carlos Garcia.

O programa estará disponível sobretudo por meio da unidade de negócios da gestora americana para aviação, com fundos de investimentos dedicados, a plataforma de PK AirFinance e sua afiliada de leasing e serviços Merx Aviation. Em nota, o presidente da Merx e chefe de aviação da Apollo, Gary Rothschild, afirmou que o momento é "chave" para os planos da gestora no setor aeroespacial. "A Apollo pode fazer a diferença em todos os aspectos de financiamento à clientes, financiamento de sênior e júnior, curto e longo prazos, até produtos de leasing por meio dos mais variados tipos e idades de ativos."

A fabricante brasileira de aviões tem inovado nos programas de financiamento a clientes, que durante a pandemia de covid-19 ganhou reforço importante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em junho, a carteira de pedidos firmes da companhia brasileira somava US$ 17,8 bilhões, o maior nível desde o segundo trimestre de 2018. No primeiro semestre, foram entregues 17 jatos comerciais (E175 e E195-E2) e 29 jatos executivos (Phenom 100 e 300, e Praetor 500 e 600).

A companhia informou ainda que a aeronave multimissão C-390 Millennium vai estrear no evento NATO Days, o mais importante show de segurança da Europa. O evento acontece na República Tcheca. O sucesso da Embraer decorre da sua privatização. O governo não mais a controla. As privatizações não conseguiram ir adiante no governo Bolsonaro. É um paradoxo. Ele é a favor do Estado provedor. Não privatizou nenhuma estatal em seu governo, o que é o contrário do que diz ser, ou seja, um neoliberal! De fato, a desestatização deveria ser sua política de Estado, mas não é, ou foi, e tudo indica, que não se tem nenhum apreço pela privatização em nosso país, deixando a sociedade temerosa do seu propalado liberalismo.

Noutra frente esgotadas as fantasias, restou adotar o figurino. Com a palavra Maria Cristina Fernandes de São Paulo: "Noves fora o endereçamento doméstico e as costumeiras falas, o presidente Jair Bolsonaro seguiu o padrão da política externa brasileira no discurso da abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, este ano".

Apontou o retrocesso provocado pela guerra da Ucrânia na economia de baixo carbono a forçar o uso de fontes sujas de energia, criticou a adoção de sanções unilaterais e exortou a negociação e o diálogo na solução do conflito. Agradeceu aos países que ajudaram na evacuação de brasileiros da Ucrânia e defendeu os princípios da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) por uma solução duradoura para a região. Mais do mesmo? Basta lembrar o que Bolsonaro falou em 2019, quando seu guia de política externa era Ernesto Araújo. Foi um discurso repleto de ditadura cubana, Venezuela, Fidel Castro, Hugo Chávez, socialismo e Foro de São Paulo. Naquela estreia fez uma longa peroração sobre a ideologia que, além de "perverter até mesmo a identidade mais básica e elementar", também "expulsa Deus".

Exortou a ONU a derrotar o "ambiente materialista e ideológico" prevalente. E disse que o apóstolo de sua predileção (João 8: 32) o guiaria nas questões de clima, democracia, direitos humanos, igualdade entre homens e mulheres. De lá para cá, os discípulos de Olavo de Carvalho perderam força no governo, mas isso não foi suficiente para aprumá-lo. Além da diplomacia de carreira, dos militares e do Centrão, Bolsonaro passou a ser acompanhado em suas viagens internacionais pelas mídias.

 


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