A guerrilha digital nas mídias sociais já deu o tom do que será a campanha neste segundo turno: a mais pura baixaria. E confesso que estou impressionado com a gradação adotada pela militância — espontânea ou não — dos dois candidatos ao Palácio do Planalto. O jogo é sujo, repleto de montagens, com muita notícia falsa e vídeos editados, deixados fora de contexto. Ou seja, a desinformação deitou e rolou nesta primeira semana, principalmente no Twitter, Facebook, WhatsApp e Telegram.
Ver a discussão em torno de termos como satanismo, canibalismo ou maçonaria, em vez de pensarmos o futuro da nação, ilustra bem o momento em que vivemos. Na realidade, o debate nas redes passa longe de um projeto de país para os próximos anos. O importante neste momento tanto para apoiadores digitais do presidente Jair Bolsonaro quanto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é impedir que o outro lado assuma o Planalto a partir de 1º de janeiro de 2023. O discurso de endemonizar o adversário está na moda.
Hoje, recomeça a propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Estou curioso para saber como as campanhas oficiais de Lula e Bolsonaro vão atuar. A estratégia será reagir ao bombardeio sofrido nas mídias digitais? Ou vão seguir com a artilharia pesada contra o rival? Vale a pena ficar de olho porque, pelos rumos tomados na internet, corre-se o risco de vermos se repetirem os ataques que marcaram a campanha eleitoral de 1989, a primeira sem o rigor da Lei Falcão, dispositivo legal inventado pelo ex-ministro da Justiça Armando Falcão, do governo do general Ernesto Geisel, que impunha censura e limites à propaganda eleitoral na TV.
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Então, neste segundo turno, ganha ainda mais importância o papel dos núcleos jornalísticos de checagem de informação, como o publicado na seção Holofote, no site do Correio Braziliense. Com tanta mentira circulando, é fundamental o trabalho desenvolvido pelos repórteres. Um simples tuíte, por exemplo, tem o poder de destruir reputações e virar uma verdade absoluta.
E, para deixar o cenário ainda mais dramático, temos percebido um aumento da violência em decorrência da intolerância política. Duas pessoas morreram após o primeiro turno — um caso fatal em Itanháem, no litoral de São Paulo, e outro no Recife. Por isso, faz-se necessário um freio de arrumação. Independentemente de quem for o eleito, a mancha do sangue e da baixaria ficará marcada na disputa eleitoral de 2022. Lamentável.
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