ELEIÇÕES 2022

Artigo: As urnas eletrônicas são confiáveis e mostram um país conservador

Correio Braziliense
postado em 03/10/2022 06:00
 (crédito: Caio Gomez)
(crédito: Caio Gomez)

Valdir Oliveira - Superintendente do Sebrae-DF

Os últimos meses foram permeados com o debate sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. Muitos consideravam essa iniciativa brasileira de risco, o que tornaria nossa democracia suscetível à vulnerabilidade para manipulação de resultados eleitorais. O que se apresentava como inovador e tecnológico era avaliado por muitos como frágil e perigoso para nossa democracia. As críticas mais fortes vinham da base conservadora do país. A mudança iniciada em 2018, com a alternância ideológica, despertou no país um movimento conservador, com fortes impactos nos rumos das políticas públicas nacionais. Pautas que antes eram de minorias passaram a ser prioritárias no debate nacional, principalmente quando o tema era de costumes.

A desconfiança das urnas eletrônicas colocou em cheque a justiça eleitoral e seus protagonistas. As Forças Armadas foram chamadas a participar do processo, colocando em dúvidas a segurança cibernética eleitoral brasileira para o mundo. Debates intensos. Acusações. Mas a eleição confirmou que elas são confiáveis. O resultado das urnas, com apuração ágil e moderna, mostrou que o sistema funciona, e funciona muito bem. Em poucas horas, o mundo conheceu o resultado do sufrágio brasileiro, sem contestações. E aqueles que mais desconfiavam da seriedade das urnas foram os vencedores da disputa eleitoral.

O Brasil mostrou ao mundo que a onda conservadora que mudou o cenário mundial é uma realidade na nossa sociedade. O povo brasileiro escolheu a maioria conservadora para o Congresso Nacional para os próximos quatro anos. Os progressistas não conseguiram convencer o povo a mudar as pautas em debate. Teremos uma forte influência conservadora nos debates nacionais independentemente de quem for o vencedor do segundo turno presidencial.

Existe uma máxima que o candidato a governador e os candidatos proporcionais não elegem o candidato a presidente. E isso ficou comprovado nesta eleição. A maioria conservadora no Congresso Nacional e governadores eleitos no primeiro turno não foram suficientes para fazer o seu candidato a presidente sair na frente no primeiro turno. Será uma disputa acirrada nos próximos 20 dias, com um país dividido para a escolha presidencial. Mas, independentemente dela, o tom foi dado na escolha para o Congresso Nacional. O Brasil está conservador.

Mas ser conservador não pode nos tornar a República da intolerância. Ser conservador é preservar valores religiosos, de padrões comportamentais, mas não pode ser de intolerância aos diferentes. O Brasil não deve mergulhar na onda da caça aos opositores como se inimigos fossem. Isso não é ser conservador. Isso é ser irracional. A sensibilidade humana nos faz tolerantes e compreensivos com quem pensa diferente. Porque somos diferentes e a democracia nos faz respeitar as minorias, principalmente quando elas são expressas em um grande percentual de votos para o cargo de presidente da republica.

Toda vitória e toda derrota serve de aprendizado. Na eleição não é diferente. Não existem vencedores e perdedores sem a humildade de reconhecer os erros e fortalecer os acertos. Os únicos vencedores de um processo eleitoral na democracia é o povo. Foi dele a escolha. Não adianta pensar que institutos de pesquisa ou a mídia podem decidir pelo eleitor, pois ele tem convicções de suas escolhas e já provou que não é influenciado por outros fatores que não os seus valores. Um Brasil conservador escolheu um congresso conservador e deixou para um segundo turno a definição de quem comandará o Brasil nos próximos 4 anos. Os progressistas e os conservadores devem refletir sobre o recado das urnas.

O Brasil precisa de uma moderação para seguir o caminho do equilíbrio. Se os progressistas ganharem a eleição presidencial, vão precisar de uma construção com muito diálogo para os próximos quatro anos. Se os conservadores ganharem a eleição presidencial, teremos um país onde a minoria precisará ser ouvida para se fortalecer na democracia. Esse será o grande desafio para o segundo turno das eleições.

Não podemos duvidar das urnas eletrônicas, nem da justiça eleitoral. Ela provou que é confiável. Devemos celebrar a democracia e buscar ouvir as vozes das urnas. O povo está dizendo o que ele quer e os políticos devem compreender a sua vontade. Não existe democracia sem a voz do povo, nem seria possível um país mais justo sem a democracia como regime político. Como disse o poeta, a lição já sabemos de cor, só nos resta aprender.

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