Economista renomado, James Pomeroy publicou um estudo recente em que atesta que a população mundial será reduzida pela metade até 2100. Funcionário do HSBC, ele garante que a humanidade vai começar a diminuir nos próximos 20 anos, "muito antes do que prevíamos originalmente".
Menos otimista com relação às taxas de natalidade, Pomeroy contradiz um levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), cujas previsões apontam que a população mundial deve atingir um pico em torno da década de 2080. Antes disso, a ONU é mais realista. Em julho passado, apresentou um estudo, de 2021, sobre a fecundidade média mundial — apontando que cada mulher registrou 2,3 nascimentos por toda a vida, número que era de 5 nascimentos na década de 1950. Em 2050, ou seja, 100 anos depois, essa taxa chegaria a 2,1 filhos por mulher.
As causas para a queda nas taxas de natalidade, diz o especialista, se devem a fatores como a inserção cada vez maior das mulheres no mercado de trabalho, atrasando a idade em que elas têm o primeiro filho, reduzindo, assim, a possibilidade de uma família com muitos filhos. Outro fator seria o aumento do preço dos imóveis — com destaque para os países mais desenvolvidos — limitando também famílias numerosas, que geralmente exigem gastos elevados.
Avanços tecnológicos, o aumento dos parâmetros educacionais, a melhoria do acesso aos métodos contraceptivos e o ritmo de vida da maioria das pessoas influenciaram para a redução do número de filhos e até mesmo pela escolha dos adultos de não terem filhos.
Mais recentemente, a pandemia da covid-19 também impulsionou a queda do número de nascimentos, assim como aumentou o número de mortes (oficialmente, 6,5 milhões, mas a OMS acredita que esse montante tenha ultrapassado 15 milhões de pessoas).
As previsões são alarmantes. Com o ritmo acelerado de declínio da taxa de fecundidade registrado em todo o mundo, seriam contabilizadas pouco mais de 4 bilhões de pessoas até o final do século (atualmente, somos 7,7 bilhões de pessoas). O economista prevê, por exemplo, uma queda de 400 milhões de habitantes somente na Europa, em cerca de 80 anos.
Ele também aponta outros processos, como a mudança do epicentro do crescimento populacional da China para a África — que teoricamente praticamente dobraria no período entre 2022 e 2050, enquanto, por outro lado, a China veria sua população diminuir sensivelmente.
Outra especialista, Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apresenta uma triste realidade, no caso do Brasil. Segundo a economista, a população brasileira viverá um processo gradual de envelhecimento e redução no número de pessoas antes mesmo de alcançar padrões mínimos de bem-estar social — a anos-luz dos países desenvolvidos.
A morte de quase 700 mil brasileiros, vítimas da pandemia, antecipou a redução populacional, o que talvez acontecesse somente na segunda metade da década de 2030. Ainda pelos cálculos de Camarano, um em cada quatro brasileiros terá, em 2040, 60 anos ou mais. Caso sigamos como estamos, sem erradicar a miséria e deixando de investir em educação, o destino não será promissor. É fundamental que as políticas públicas pensem nos brasileiros mais velhos. Os idosos de hoje. E os do futuro.