Análise

Artigo: Zélia Duncan, a militante

Irlam Rocha Lima
postado em 27/09/2022 06:00
 (crédito: Roberto Setton /Divulgação)
(crédito: Roberto Setton /Divulgação)

Cantora, compositora e produtora. São várias as facetas da fluminense-brasiliense Zélia Duncan, como artista. Ela era uma adolescente, usava o nome que recebeu na pia batismal — Zélia Cristina — e jogava basquete pela equipe do Colégio Marista quando, em 1981, iniciou a trajetória com um show na Sala Funarte.

Logo depois, começou a se apresentar em bares e restaurantes da cidade, como o Noturno, na QI 9 do Lago Sul; e o Amigos, na 105 Norte. Ainda naquela década, participou (ao lado de Cássia Eller) da montagem do musical Veja você Brasília, idealizado, dirigido e produzido por Oswaldo Montenegro; e fez rápida turnê a bordo do Projeto Pixinguinha.

Ela havia acumulado alguma experiência ao partir para o Rio de Janeiro, em busca de viabilizar a carreira. Inicialmente, gravou o LP Outra luz, pelo selo Eldorado, que não aconteceu. Entre 1991 e 1992, cumpriu temporada no Hotel Meridien, em Abu Dabi, no Oriente Médio.

No retorno ao Brasil, passou a cantar na Torre de Babel, casa noturna da Zona Sul carioca e chamou a atenção do presidente da Warner. Pela gravadora lançou o CD intitulado Zélia Duncan — nome artístico que adotou a partir dali. Cathedral (versão de Cathedral Song, da alemã Tanita Tikaran), uma das faixas do álbum que integrou a trilha sonora da novela A próxima vítima, da TV Globo, a levou a ser descoberta pelo Brasil.

Quinze álbuns de estúdio, cinco gravados ao vivo e seis DVDs reúnem, até agora, a obra da cantora. O trabalho mais recente é Pelespírito, de 2021. Num dos versos da letra, escrita no período da pandemia, da covid-19 diz: "Tô em casa, tô na causa/ Tô sem nada, longe de tudo/ E sem tirar os olhos do mundo".

Percebe-se que, há algum tempo, Zélia tem colocado sua visibilidade a serviço de diversas causas. Mais do que isso, ela se tornou uma militante política em defesa de índios, negros, mulheres e comunidade LGBTQIA . Casada com a publicitária Flávia Soares (ex-mulher de Jô Soares), numa entrevista ao canal UOL, ela ressaltou: "O artista não tem obrigação de ser explicitamente político, mas a gente tem a obrigação de saber que tudo o que fizer é político". Em outro momento, afirmou: "Temos que lutar por um Brasil mais humano, muito melhor do que este de antes da eleição".

Em 19 de outubro, Zélia Duncan volta a Brasília, não para show, mas como participante do Diálogos contemporâneos, projeto promovido pela Associação e Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC). Na palestra, às 19h, ela abordará o tema A afetividade na tradição musical e na literatura brasileiras. O evento ocorrerá no auditório do Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios), com entrada franca.

 

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