Mais de 300 milhões de árvores foram derrubados na Região Amazônica nos primeiros oito meses deste ano. No Amazonas, as motosserras, ou queimadas, sucumbiram 95,8 milhões; no Pará, 89,5 milhões, em Mato Grosso, 59 milhões; em Rondônia, 41,6 milhões. O Amapá foi o que registrou o menor desmatamento: 35,2 mil árvores, entre os noves estados da Amazônia Legal, que abrange ainda Acre (10,9 milhões árvores derrubadas), Roraima (4,8 milhões), Maranhão (2,6 milhões) e Tocantins (302,6 mil), segundo o Monitor da Floresta do PlenaMata, que converte os dados de desmatamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em número de árvores tombadas.
Na comparação com 2018, em agosto último, os incêndios chegaram a 33.116, o maior número dos últimos 12 anos, quase quatro vezes mais do que em 2011 (8.002), superando a média histórica de 26.299 de queimadas para igual mês. O volume mais alto ocorreu em agosto de 2005, com 63.764 focos de fogo. Nos primeiros 20 dias deste mês, foram registrados 16.698 incêndios, quase seis vezes mais do que em setembro do ano passado.
O desmatamento bate recordes. Entre agosto de 2021 e julho deste ano, foram desmatados 8.590km² na Amazônia. O MapBiomas constatou que, em todo o país, houve um aumento de 20,1% em 2021. Ou seja, o Brasil perdeu 16,5 mil km² de cobertura vegetal. Nos últimos três anos, a soma das perdas de áreas verdes em todos os biomas é próxima à do Estado do Rio de Janeiro (43.696km²).
A escalada da devastação, tanto na Amazônia quanto nos demais biomas, sobretudo no cerrado, deve-se a vários fatores, entre eles ao desmonte dos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização, às políticas de incentivo à extração mineral na região, à expansão das fronteiras agropecuárias e à negação do aquecimento global. Para os incrédulos às recomendações da ciência, as mudanças climáticas não são uma realidade e nada têm a ver com floresta. Em ano eleitoral, a fiscalização se torna ainda menos rigorosa, o que facilita escancarar a porteira para os predadores, como garimpeiros e madeireiros.
Os candidatos à Presidência da República, em sua maioria, contemplaram as questões ambientais nos respectivos planos de governo. Alinhamento com as nações engajadas no enfrentamento do aquecimento global, preservação do patrimônio natural, manutenção da floresta em pé, redirecionamento das medidas econômicas para uma economia verde, combate ostensivo e rigoroso aos predadores ambientais.
O patrimônio natural do país vem sendo, ao longo dos anos, destruído, com graves danos à qualidade de vida. O Brasil, tempos atrás, liderou a construção dos acordos em relação ao clima. Hoje, perdeu o protagonismo e a colaboração de fundos internacionais voltados à mitigação dos efeitos do aquecimento global, bem como à preservação da Amazônia. A atual relação conflituosa do poder público com populações indígenas e tradicionais também compromete a imagem do Brasil na concertação das nações desenvolvidas. Ao futuro ocupante do Palácio do Planalto impõe-se a revisão profunda da política ambiental em todos os biomas e também nos espaços urbanos. Não há bem-estar aos cidadãos em ambientes degradados, seja no campo, seja na cidade.
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