O Brasil está hoje diante de um desafio que vai além da escolha do próximo presidente da República e governadores e que implica, independentemente dos escolhidos, dar prioridade total para a educação em todos os aspectos, da massificação do ensino básico ao investimento em infraestrutura adequada e na valorização e qualificação do corpo docente. O descaso com a formação dos cidadãos vai custar caro ao país. E os efeitos do impacto negativo da má qualidade na formação educacional já se fazem sentir.
Dados recentes mostram um quadro preocupante e que não pode ser justificado pela pandemia de covid-19, sob pena de não se observar o que precisa ser corrigido e aprimorado na educação pública brasileira, que sofre com carências na base e a miopia nas diretrizes das autoridades. O Censo Escolar da Educação Básica mostra que o total de matrículas de jovens no ensino médio caiu 5,3%, enquanto o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) revelou, por aplicação de provas, que, em 2021, mais do que dobrou o percentual de alunos do 2º ano do ensino fundamental que não sabem ler nem escrever. Mais: 22% dessas crianças não conseguem fazer operações como soma e subtração.
A gravidade do quadro educacional fica ainda mais evidente com o alerta feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) de que é urgente priorizar a educação no Brasil, onde uma pesquisa encomendada ao Ipec (antigo Ibope) mostra que há 2 milhões de crianças e jovens, entre 11 e 19 anos, que deixaram a escola sem terminar a educação básica. Eles somam 11% da população nessa faixa etária. Outro fator que aponta para um quadro crítico é o fato de a qualidade do ensino fundamental e médio ter estagnado na pandemia.
O que se vê hoje, lamentavelmente, é uma geração de jovens de menor poder aquisitivo e que dependem do ensino público, tendo formação precária e que compromete a capacidade futura de desenvolver atividades exigidas pelo mercado de trabalho. E isso poderá ocorrer em menos de uma década para os jovens do ensino médio e um pouco mais de tempo para os que cursam os anos básicos
O impacto desse atraso educacional é sentido no mundo produtivo. Um estudo do ManpowerGroup mostrou que a falta de mão de obra qualificada no país chegou à marca de 81%, contra uma média mundial de 75%. Pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para detectar as prioridades dos empresários em relação ao próximo governo mostra que educação é a prioridade para 34%, enquanto crescimento econômico (20%), redução de impostos (14%) e geração de emprego (12%) ficaram bem atrás.
Para reforçar a necessidade urgente de o país priorizar a educação, basta lembrar o exemplo da Coreia do Sul que, com rigor educacional, investimentos em educação e 100% da população alfabetizada, saltou da condição de subdesenvolvido no início dos anos 1990 para uma potência econômica mundial atualmente. Ou o Brasil garante escola de qualidade para todas as crianças e jovens, ou não chegará ao patamar de nação desenvolvida.
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